sábado, 28 de julho de 2012

Em Sergipe, 20 mil Sem Terra marcham pela Reforma Agrária


Nesta quarta-feira, 25 de julho, os Sem Terra estão pintando de vermelho as ruas de Aracaju, em Sergipe. 20 mil integrantes do Movimento Sem Terra, vindos de todo o estado, estão realizando uma grande Marcha pela Reforma Agrária.

Formando uma onda vermelha e gritando palavras de ordem a favor da reforma agrária e contra o agronegócio, os Sem Terra saíram pela manhã, da BR 101, entrada de Aracaju, e estão percorrendo as ruas principais da capital. A manifestação se concluirá com uma concentração na Praça General Valadão.

Com essa mobilização, o MST comemora o Dia 25 de Julho, Dia do Trabalhador Rural, cobrando o avanço da Reforma Agrária no Brasil e em Sergipe e denunciando o avanço do agronegócio no estado. De acordo com Gileno Damascena Silva, coordenador estadual do MST-SE, “em Sergipe, ultimamente não tem ocorrido desapropriações de terras, o governo não tem uma política de desenvolvimento para os assentamentos. A Reforma Agrária está quase parada.” Segundo ele, a manifestação tem também o objetivo de mostrar à sociedade sergipana a importância da luta para um outro modelo de desenvolvimento, voltado à agroecologia, no campo e na cidade.

No final da mobilização, os Sem Terra entregarão uma pauta de reivindicações aos representantes do Governo do Estado de Sergipe e do INCRA pedindo, entre outros: terras para as famílias acampadas; a liberação do Convênio de Obtenção de Terras, que prevê assentar entre 1200 e 1800 famílias e a garantia de infraestrutura para todos os assentamentos do estado.


Setor de comunicação do MST-Sergipe, 25 de julho de 2012.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

25 de Julho - Dia do Trabalhador Rural


Como é de conhecimento de todos(as) o MST/SE realiza todos os anos uma grande mobilização na capital Sergipana, marcando o Dia do Trabalhador Rural, que reúnem trabalhadores(as) rurais, acampados e assentados de todas as regiões do Estado.Neste sentido convidamos todos(as) amigos do MST, a participar conosco de mais um dia de luta da classe trabalhadora. Para Chamarmos a atenção da sociedade e dos governantes para a importância e urgência da Reforma Agrária. 


A concentração será no Trevo de Aracaju ás 08:00hs 

Contamos com a sua presença!



Gislene Reis e Gileno Damascena
Direção Nacional do MST


Reforma Agrária: Por Justiça Social e Soberania Popular!



terça-feira, 17 de julho de 2012

João Pedro Stedile: As mentiras paraguaias das elites brasileiras


O maior conflito do Paraguai é reaver a terra usurpada por fazendeiros brasileiros. O país vizinho "cedeu" a estrangeiros 25% do seu território cultivável
Mal havia terminado o golpe de Estado contra o presidente Fernando Lugo e flamantes porta-vozes da burguesia brasileira saíram em coro a defender os golpistas.
Seus argumentos eram os mesmos da corrupta oligarquia paraguaia, repetidos também de forma articulada por outros direitistas em todo continente. O impeachment, apesar de tão rápido, teria sido legal. Não importa se os motivos alegados eram verdadeiros ou justos.
Foram repetidos surrados argumentos paranoicos da Guerra Fria: "O Paraguai foi salvo de uma guerra civil" ou "o Paraguai foi salvo do terrorismo dos sem-terra".
Se a sociedade paraguaia estivesse dividida e armada, certamente os defensores do presidente Lugo não aceitariam pacificamente o golpe.
Curuguaty, que resultou em sete policiais e 11 sem-terra assassinados, não foi um conflito de terra tradicional. Sem que ninguém dos dois lados estivesse disposto, houve uma matança indiscriminada, claramente planejada para criar uma comoção nacional. Há indícios de que foi uma emboscada armada pela direita paraguaia para culpar o governo.
Foi o conflito o principal argumento utilizado para depor o presidente. Se esse critério fosse utilizado em todos os países latino-americanos, FHC seria deposto pelo massacre de Carajás. Ou o governador Alckmin pelo caso Pinheirinho.
O Paraguai é o país do mundo de maior concentração da terra. De seus 40 milhões de hectares, 31.086.893 ha são de propriedade privada. Os outros 9 milhões são ainda terras públicas no Chaco, região de baixa fertilidade e incidência de água.
Apenas 2% dos proprietários são donos de 85% de todas as terras. Entre os grandes proprietários de terras no Paraguai, os fazendeiros estrangeiros são donos de 7.889.128 hectares, 25% das fazendas.
Não há paralelo no mundo: um país que tenha "cedido" pacificamente para estrangeiros 25% de seu território cultivável. Dessa área total dos estrangeiros, 4,8 milhões de hectares pertencem brasileiros.
Na base da estrutura fundiária, há 350 mil famílias, em sua maioria pequenos camponeses e médios proprietários. Cerca de cem mil famílias são sem-terra.
O governo reconhece que desde a ditadura Stroessner (1954-1989) foram entregues a fazendeiros locais e estrangeiros ao redor de 10 milhões de hectares de terras públicas, de forma ilegal e corrupta. E é sobre essas terras que os movimentos camponeses do Paraguai exigem a revisão.
Segundo o censo paraguaio, em 2002 existiam 120 mil brasileiros no país sem cidadania. Desses, 2.000 grandes fazendeiros controlam áreas superiores a mil ha e se dedicam a produzir soja e algodão para empresas transnacionais como Monsanto, Syngenta, Dupont, Cargill, Bungue...
Há ainda um setor importante de médios proprietários, e um grande número de sem-terra brasileiros vivem como trabalhadores por lá. São esses brasileiros pobres que a imprensa e a sociologia rural apelidaram de "brasiguaios".
O conflito maior é da sociedade paraguaia e dos camponeses paraguaios: reaver os 4,8 milhões de hectares usurpados pelos fazendeiros brasileiros. Daí a solidariedade de classe que os demais ruralistas brasileiros manifestaram imediatamente contra o governo Lugo e a favor de seus colegas usurpadores.
O mais engraçado é que as elites brasileiras nunca reclamaram de, em função de o Senado paraguaio sempre barrar todas as indicações de nomes durante os quatro anos do governo Lugo, a embaixada no Brasil ter ficado sem mandatário durante todo esse período.

Da Folha de São Paulo

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Seminário Sergipano de Agroecologia

O setor de produção do MST-Sergipe realizou de  (9 a 13 de julho) o Seminário Sergipano de Agroecologia. Cerca de 100 pessoas, entre assentados, técnicos, dirigentes e militantes do MST participarão do encontro, no Centro de Formação Canudos (CECAC) do assentamento Quissamã.
Segundo Manuel Antonio de Oliveira Neto, da Direção Estadual do MST, “a produção agroecológica no estado passa por algumas experiências pontuais. Na maioria dos assentamentos é o modelo convencional que ainda prevalece.” O objetivo do seminário é ajudar a reverter esse quadro e implantar a matriz agroecológica de forma definitiva nos assentamentos da reforma agrária.
O professor Sebastião Pinheiro trouxe uma contribuição importante ao debate. Segundo ele, “a agroecologia é uma agricultura onde o camponês é sujeito, não objeto.” De acordo com Pinheiro, o pequeno agricultor pode e deve resistir ao agronegócio. Para isto é imprescindível resgatar os saberes tradicionais. “Hoje, o grupo americano Rockfeller é dono de mais de 34.000 variedades de sementes de feijão”, exemplifica o professor. “Para não ficarmos reféns deste grupo, é necessário resgatar as sementes crioulas dos nossos avós e multiplicá-las.”
Após o seminário, o MST-Sergipe seguirá no seu caminho rumo à produção de alimentos saudáveis acessíveis a toda a população. A próxima etapa será a organização de cursos modulares de práticas agroecológicas para os assentados, buscando envolver toda a sua família no processo.
O professor Sebastião Pinheiro trouxe uma contribuição importante ao debate. Segundo ele, “a agroecologia é uma agricultura onde o camponês é sujeito, não objeto.” De acordo com Pinheiro, o pequeno agricultor pode e deve competir com o agronegócio. Para isto é imprescindível resgatar os saberes tradicionais. “Hoje, o grupo americano Rockfeller é dono de mais de 34.000 variedades de sementes de feijão”, exemplifica o professor. “Para não ficarmos reféns deste grupo, é necessário resgatar as sementes crioulas dos nossos avós e multiplicá-las.”
Após o seminário, o MST-Sergipe seguirá no seu caminho rumo à produção de alimentos saudáveis acessíveis a toda a população. A próxima etapa será a organização de cursos modulares de práticas agroecológicas para os assentados, buscando envolver toda a sua família no processo.