sexta-feira, 29 de março de 2013

Veja edital de seleção para curso de Residência Agrária

Prazo para inscrição vai até 17 de abril pelo SIGAA.
Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa da UFS (Posgrapdivulga edital doprocesso de seleção para o curso lato sensu em Residência Agrária (Agroecologia,Questão AgráriaAgroindústria e Cooperativismo). De acordo com o editalquedisponibiliza 46 vagas com bolsa no valor de R$ 550, as inscrições podem ser feitas até17 de abril exclusivamente pelo SIGAA.
“O curso destina-se prioritariamente aos profissionais oriundos do Programa Nacionalde Educação na Reforma Agrária (Pronera), portadores de diploma de curso superior”,informam os coordenadores Rita Fagundes e Antonio Pereira Filho“Optamos porfocar naqueles que possuem vínculo direto com a questão agráriaou sejanossopúblico alvo é preferencialmente os próprios assentadosque contarão com bolsa deestudo e recursos de custeio do CNPq para desenvolver as atividades”completam.
As inscrições são gratuitas e os interessados devem enviar um pré-projeto de nomínimo 3 e no máximo 5 laudas que contenha títuloeixo de pesquisaintrodução,justificativaobjetivo e bibliografia. O pré-projeto deve se enquadrar em um doseixos de pesquisa estipulado no edital.
Seleção
Ainda de acordo com o editalserão duas etapas de seleção: a primeira eliminatóriacontará com a análise das cartas de apresentação e currículosenquanto que asegunda classificará os candidatos por meio de entrevista e análise dos pré-projetosque deverão ser defendidos.
O prazo para a divulgação do resultado é 19 de abril.
Confira todo o cronograma e outros detalhes no edital abaixo.
Mais informações no email residencia.agraria.ufs@gmail.com.
Ascom
comunica@ufs.br

Despejo na Barra dos coqueiros deixa claro posicionamento dos poderes com relação a questão da moradia



Se são muitas as políticas de habitação colocadas pelo governo federal, claro é o posicionamento do judiciário quando os trabalhadores se organizam e explicitam a real necessidade de morar. Quem esteve ontem durante o dia em Barra dos coqueiros pode acompanhar a forma como o povo foi tratado e expulso de suas moradias sem resolução pratica do que seria feito pelos governos.
A promotoria púbica da comarca de Barra dos Coqueiros se negou a apoiar os moradores, nenhuma assistente social nem do governo, nem da prefeitura se fizeram presentes. Somente tratores e a policia para humilhar o povo e destruir em segundos as moradias construídas com muito esforço pelos ocupantes.
Indignação, choro e revolta pela falta de posicionamento daqueles que deveriam defender o direito do povo. As únicas autoridades presentes da prefeitura foram o secretario de assuntos jurídicos que lá estava pra fazer acontecer o despejo, secretario de comunicação que em seu pronunciamento deixa claro que só estava ali para tirar fotos e o deputado João Daniel que procurou a justiça , os governos na tentativa de impedir o despejo.
Infelizmente os prefeitos insistem na antiga formula de articular políticas publicas somente nos espaços de guetos eleitorais onde o povo deve somente pedir , quando lutam são enxergados como empecilhos para o desenvolvimento dos municípios.
Os grandes projetos da especulação imobiliária estão sendo construídos a todo vapor, nem o terreno onde serão construídas o projeto de habitação popular para as famílias de Barra dos Coqueiros está definido. Ao invés de enxergar o povo como empecilho os prefeitos e os governos deveriam apoiar iniciativas populares não repudiar e se juntar ao judiciário para fazer valer os desejos da alta burguesia sergipana que comemora ao passar pela ponte barra – Aracaju.
Nesse momento as famílias estão acampadas na quadra de esporte da Barra dos Coqueiros, organizadas e lutando, temos a clareza de quem são nossos inimigos e não vamos nos calar.
Chega de Despejo Moradia Popular é um direito!
MOTU - Movimento Organizado dos Trabalhadores  

quinta-feira, 28 de março de 2013

Polícia do Pará faz despejo truculento de acampamento do MST em Igarapé-Açú

Na manhã de terça (26/3), policiais militares da Ronda Tática Metropolitana (ROTAM), Tropa de Choque, Comando de Operações Especiais (COE), Corpo de Bonbeiros e Perícia Criminalista da Polícia Civil realizaram ação de despejo no Acampamento do MST na Fazenda Dom Bosco, no município de Igarapé-Açú. 

68 Famílias ocupavam a Fazenda há cerca de 45 dias, reivindicando a criação de um assentamento de Reforma Agrária, haja visto que a área é uma antiga colônia estadual que foi reconcentrada de forma ilegal, segundo relato do Presidente do Instituto de Terras do Pará (ITERPA).

A ação foi marcada pela violência policial, com casos de uso abusivo de força, retirada violenta de equipamento do fotógrafo que registrava em nome das entidades de defesa dos direitos humanos, a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e Comissão Pastoral da Terra (CPT). A operação foi comandada pelo Tenente Coronel Rosinaldo da ROTAM, que era também o mais exaltado e quem agredia os camponeses e membros das entidades com intimidações, xingamentos e ameaças.

O fato mais absurdo foi a invasão da propriedade legitimada através de um mandado feito às pressas pelo Juiz da Comarca de Igarapé-açú Maurício Ponte Ferreira de Souza, ordenando a invasão e destruição de estruturas de barracos de alimentação e estruturas como fogões de barro, assentos e mesas de refeição da família de dona Maria de Lurdes Cardoso da Silva em um lote de sua propriedade fora da área em disputa.

Uma ação jamais vista em toda a história de brutalidade da luta pela terra no Estado do Pará, ainda mais se contarmos que a destruição de sua propriedade foi realizada pelos funcionários dos fazendeiros que grilaram a propriedade pública, demonstrando haver um forte e poderoso conluio entre o poder judiciário local, polícias civis e militar e fazendeiros da região.

Os Movimentos Sociais e de Defesa dos Direitos Humanos irão apresentar uma representação contra o Juiz da Comarca de Igarapé-açú por suas atitudes arbitrárias e autoritárias, além de denúncias contra as policias envolvidas na ação pela violência e desrespeito aos direitos dos cidadãos que foram duramente violados. Ações desta natureza devem fazer parte de um passado que temos que nos envergonhar e que projetaram o Estado do Pará ao topo do ranking das violações dos direitos humanos.

27 de março de 2013, Antônio Carlos Luz,  da Página do MST 

quarta-feira, 27 de março de 2013

Curso em Gestão de Agroindústrias, uma parceria com a Fundação Mundukide, Instituto Lanki de Mondragon e o MST-Sergipe


Encerrou hoje dia 27 de Março de 2013 á 2º etapa do curso em Gestão de Agroindústrias, do MST-Sergipe, no Centro de Formação Canudos, situado no assentamento Moacir Wanderley (povoado Quissamã). O objetivo do Curso é fortalecer o Setor de Produção do MST-Sergipe através do conhecimento acerca dos aspectos básicos de uma economia popular, vinculado à realidade social do MST no estado.
O curso em Gestão de Agroindústrias é fruto de uma parceria entre o MST e a fundação Mundukide-Lanki, uma entidade que nasceu dentro da experiência cooperativa da Mondragon, no País Basco (Europa), com a missão de compartilhar esta experiência com outros povos e movimentos sociais. O intuito é de trazer elementos de discussão e metodologias de atuação para ajudar a melhorar o funcionamento das cooperativas do MST, vistas como ferramentas para uma transformação social. Nessa perspectiva, a participação da juventude dos assentamentos no curso é fundamental.

Turma: FRUTOS DO MST

“Das sementes da terra ousamos nascer, agora somos frutos do MST.”


terça-feira, 26 de março de 2013

Quem vai democratizar a mídia

Por João Pedro Stedile, membro da coordenação do MST e da via campesina Brasil (revista Caros Amigos, março de 2013)


A situação e natureza da mídia brasileira são claras. A Constituição brasileira, aprovada em 1988, diz que os serviços de informação para a população brasileira, pela televisão, rádio, revistas e jornais, são de utilidade pública. E, portanto, de interesse de toda nação. No caso de jornais, revistas e folhetos, qualquer entidade, sindicato, empresa ou pessoa, tem a liberdade de editar quantos jornais quiser. No caso de rádio e televisão, como existem espaços limitados, o Estado fará concessões desses espaços a empresas ou entidades seguindo critérios democráticos, para que os mais amplos setores da sociedade sejam contemplados.
Mas, infelizmente, não é isso que ocorre. Os jornais e revistas são controlados por empresas que, por sua vez, recebem polpudas verbas de publicidade do governo e de outras empresas capitalistas, de acordo com seus interesses de classe. Já as rádios e televisões, todas as concessões foram feitas por interesses de classe, político-partidários, desde antes da constituinte, e os governos que se sucederam simplesmente renovam automaticamente as licenças. Resultado:
a) A mídia brasileira se transformou um oligopólio em que apenas seis ou sete grupos capitalistas controlam a maior parte das informações, por televisão, rádio, jornais e revistas.
b) Esses grupos econômicos usam os meios de comunicação não para bem informar o público, mas como fonte de lucro, de enriquecimento;
c) Pelo seu caráter de classe e altamente concentrado nas mãos de alguns capitalistas, esses meios de comunicação se transformaram, em tempos de ideologia neoliberal, nos verdadeiros partidos ideológicos da classe dominante que usam esses veículos para reproduzir sua visão de mundo, sua ideologia, seus ideais e combater as visões de mundo das outras classes.
d) Os veículos de comunicação são utilizados sistematicamente como instrumentos da luta política.
e) Os governos federal, estaduais e municipais, na maioria dos casos, são os principais anunciantes, com dinheiro público, do orçamento recolhido dos impostos.
f) A família Marinho, proprietária dos veículos da rede Globo, ascendeu a condição da família mais rica do Brasil, com patrimônio superior a 25 bilhões de reais, ultrapassando outros capitalistas que se dedicam há anos a produzir e explorar trabalhadores.
g) A revista Veja e seus asseclas foram pegos macomunados com o contravento Cachoeira, articulando manchetes, artigos e matérias, para achincalhar este ou aquele político ou desafeto. A Polícia Federal gravou a promiscuidade entre o submundo do crime e a revista, mas nada aconteceu.
h) Certamente, os outros cinco grupos econômicos que controlam outros canais, revistas e jornais passam por processos semelhantes de conluio e enriquecimento permanente.
i) Manipula-se notícias com frequência, cria-se manchetes fantasmas, dá-se relevância política a este ou aquele fato, de acordo com seus interesses ideológicos.
j) Outro exemplo patético foi a manipulaçã que fizeram em conluio com ministros do STF, sobre o julgamento do chamado "mensalão", com claro objetivo de jogar a opinião pública contra os acusados e pré-julgá-los.
Na Venezuela, Argentina, Equador e Bolívia, os governos locais encaminharam leis a seus congressos, democratizando a mídia. E, aqui no Brasil, quando haverá um processo de democratização da mídia? Foram feitas conferências de comunicação, a sociedade encaminhou diversas sugestões, que foram direto para a gaveta. O Governo já demonstrou que não quer comprar briga com eles. E o pior, ao que parece, seguirá financiando-os. Até que os ovos da serpente desabrochem...

sábado, 16 de março de 2013

A Juventude do Alto Sertão Sergipano reafirma a luta para o campus da UFS no Sertão


Cerca de 350 jovens militant participam do primeiro Acampamento da Juventude Campo e Cidade do Alto Sertão Sergipano, na cidade de Monte Alegre de Sergipe, de 15 à 17 de março de 2013.
O evento está organizado pelo Coletivo Campo e Cidade, que reúne movimentos sociais da juventude, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento dos Pequenos Agricultores, grupos de cultura popular do Alto Sertão, e a Igreja Católica.

A reivindicação principal do Encontro é a implantação do Campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS) no Sertão. Durantes os três dias, os militantes participaram de debates em plenárias, momentos culturais com músicas; teatro e danças regionais, oficinas de agitação e propaganda e formação política.

Segundo Rafaela Alves, militante do MPA e coordenadora do Acampamento, “a realização do Acampamento surgiu de uma necessidade de aprofundar o debate sobre a educação, na perspectiva da ampliação do movimento a favor da UFS no Sertão.” Para a militante, esta ampliação se torna indispensável por conta do êxodo rural que vem marcando a região nos últimos anos: “O nosso campo está ficando esvaziado, por causa das péssimas condições objetivas de vida: falta de acesso à educação de qualidade e saúde, fechamento de escolas, avanço do agronegócio e dos mega-projetos, entre eles, o projeto de central nuclear no Sertão. Todos estes fatores atingem diretamente a reprodução do campesinato e existem também na cidade, subsidiando o discurso da não implantação da UFS no Sertão, enxergada ainda como uma região sem potencialidade.” Segundo Rafaela, o modelo de desenvolvimento através do capital demanda a formação de quadros técnicos, mas não atende às necessidades locais. Aqui se insere a razão da implantação do campus da UFS na dimensão de outro projeto de desenvolvimento para a região.

Esmeraldo Leal, da direção estadual do MST, sinalizou durante o debate que a elite brasileira, desde o tempo da colonização, tenta impedir a maioria da população o acesso a uma educação crítica e democrática. Neste contexto, a juventude se levanta numa perspectiva diferenciada do modelo dominante. Mas só conseguirá isto através de muita luta.

No final da tarde, uma grande marcha reuniu os participantes nas ruas de Monte Alegre de Sergipe, para sensibilizar a população com as causas do Acampamento.

“O processo avança numa perspectiva de unidade dos movimentos, de debate com o público e formação de consciências. Queremos conquistar uma universidade, na qual o povo possa estudar e que seja contemplado por ela. Temos claro o nosso horizonte: vamos fazer mais ações, marchas, debates. E vamos seguir unificando as lutas de vários movimentos do Alto Sertão Sergipano”, ressaltou Rafaela Alves.

quarta-feira, 13 de março de 2013

MOVIMENTO SOCIAL É TRATADO COMO CASO DE POLÍCIA NA BARRA DOS COQUEIROS


São três processos de despejo e duas pessoas presas injustamente;  o que mais será usado como estratégia para desmobilização dos trabalhadores sem teto. Após passarem por dois processos de reintegração de posse e estarem ocupando a entrada da Barra dos Coqueiros, dois ocupantes da Vitoria da Ilha são presos e acusados de crime. Qual? estar passando perto da ocupação, inclusive um dos dois nem mora lá.
E se morasse? Estaria somente vivendo e lutando para reivindicar moradia digna para sua família e seus filhos. Os prefeitos e os Juízes sabem que os movimentos sociais sempre tiveram papel impulsionar e exigir os direitos do povo nesse pais, o que acontece na Barra dos Coqueiros trata-se de uma reação dos setores mais conservadores da sociedade sergipana que sentem incomodados e seus privilégios ameaçados quando o povo começa se organizar.
Passear na Barra dos Coqueiros causa estranhamento na elite que ver a cada dia seu projeto ser realizado Alphaville, onde o povo da Barra com certeza não vai morar. Contudo, a ocupação vitoria da Ilha é real as pessoas vivem lá, trabalham no Município e lutam porque precisam de moradia. A questão social não deve ser tratado como caso de policia, são os movimentos sociais que provocam mudanças na sociedade, a  direita utiliza seus meios e criminaliza os movimentos sociais para desmotiva-los.
Há nove meses os trabalhadores excluídos do processo de crescimento da Barra e que sofrem na pele as consequências da especulação imobiliária  reivindicam a construção de moradia populares . São dezenas de famílias que antes viviam em vilas e cortiços de aluguel e agora não tem para onde ir. Até que esse projeto seja efetivamente construído onde vão morar ?
É preciso que os governos e prefeitos se posicionem sobre essa situação. O que podemos fazer: lutar e organizar, pois bem é o que estamos fazendo. De pé e olhando pra frente, o que os ricos querem é nos ver ajoelhados pedindo esmola, assim querem nos ajudar. Não o faremos, temos direitos e por eles vamos lutar.
Ao menos temos o direito de lutar porque Lutar não é crime

MOTU - Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos




terça-feira, 12 de março de 2013

Sergipe: Acampamento Zumbi dos Palmares comemora 16 anos de luta e resistência

O acampamento Zumbi dos Palmares é um símbolo da luta viva do Movimento Sem Terra no Estado de Sergipe. No dia 12 de março, as 223 famílias do acampamento comemoraram 16 anos da ocupação da Fazenda Tingui, situada na região Metropolitana do Estado, entre os municípios de Malhador, Divina Pastora e Santa Rosa.

Uma história linda


A primeira ocupação da área foi em 1988. Um despejo violento ocorreu dois dias depois da ocupação, acabando na prisão de vários companheiros do MST. Uma ampla mobilização conseguiu libertá-los. A segunda ocupação resiste até hoje. Várias foram as tentativas de reintegração de posse. Mas a luta das famílias conseguiu derrubá-las. Estas famílias exigem o direito de cultivar uma terra fértil, deixada improdutiva por uma poderosa família de latifundiários locais.

Grande solidariedade

Centenas de pessoas - militantes do MST das cinco regiões do Estado, moradores dos municípios vizinhos, pequenos agricultores da região, personalidades políticas - se somaram para apoiar as famílias e lembrar uma luta exemplar. O dia começou com um delicioso café da manhã, com produtos do próprio acampamento, seguido de um ato político de apoio à luta, com a participação de militantes e dirigentes do MST, assim como gestores públicos. Um torneio de futebol foi organizado durante a parte da manhã. Uma missa foi celebrada depois do almoço, e a parte da tarde foi dedicada a um churrasco ao som de um típico Forro pé de Serra...


Uma luta sofrida

Para Dona Iraci dos Santos Reis, coordenadora do acampamento Zumbi dos Palmares há 16 anos, o ato foi um momento de grande emoção. A dirigente lembra ainda o dia da ocupação: “Entramos na fazenda com 300 famílias e fizemos o acampamento onde nós estamos até hoje.” As famílias sofreram muitas pressões: “Todo ano, na hora da gente produzir, quando estamos preparando tudo para plantar, recebemos a liminar de despejo. E sempre vamos lá, com a militância e o nosso advogado, e conseguimos suspender a liminar.” 16 anos depois, a luta ainda não terminou: “Estamos agora em um novo período de pressão jurídica. No dia 21 de março, teremos mais uma audiência para a reintegração de posse, e estaremos todos mobilizados.” Os acampados enfrentam também outras dificuldades: “Aqui não tem água potável, o que ocasiona problemas de saúde. E o fato de não ser um assentamento reconhecido torna impossível a captação de créditos para a produção.”

Apesar disto, as famílias estão resistindo e produzindo. “Produzimos maracujá, acerola, pimenta de cheiro, banana, macaxeira, batata doce, hortaliças, mudas,... Não só para a auto-subsistência, mais também para a venda nas feiras da Grande Aracaju e dos municípios vizinhos.”

Um símbolo da luta do MST

O acampamento Zumbi dos Palmares se tornou um símbolo da luta dos Sem Terra em Sergipe. Como ressalta Esmeraldo Leal, dirigente estadual do MST: “A luta do acampamento é uma prioridade. Aqui são 16 anos de luta pela reforma agrária. O ato de hoje demonstra a unidade do nosso movimento: militantes das cinco regiões do Estado vieram aqui em solidariedade à luta das famílias.”

O superintendente do Instituto nacional pela Colonização e Reforma Agrária (Incra), Leonardo Goes, participou do ato. Ele parabenizou a resistência das famílias e reafirmou o compromisso da entidade em resolver a questão da desapropriação da fazenda.

O acampamento Zumbi dos Palmares continua na luta. Como lembrou Esmeraldo Leal: “Ninguém tomara esta terra dos trabalhadores organizados.”

Coletivo de comunicação – MST Sergipe, 12 de março de 2013

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mais de 600 mulheres do MST ocupam o Incra de Aracaju, em Sergipe

O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Aracaju (SE) foi ocupado por 600 Mulheres camponesas do MST, nesta sexta-feira (8). As mulheres reivindicam a desapropriação das áreas ocupadas pelas famílias Sem Terra no estado. Há mais de 11 mil famílias acampadas em Sergipe, esperando a Reforma Agrária debaixo das lonas pretas.

Além da redistribuição das terras, as mulheres cobram do Incra melhorias na infraestrutura dos assentamentos, como a construção de casas, abastecimento de água, luz, e créditos para desenvolver as atividades produtivas das mulheres. As trabalhadoras rurais entregaram uma pauta ao Superintendente do Incra, Leonardo Goes.

A ocupação fez parte das atividades promovidas em todo o Brasil durante este mês de março, sob o lema Mulheres Sem Terra na Luta Contra o Capital e Pela Soberania dos Povos. Ao longo desses dias, as mulheres também participaram de debates no centro de formação Canudos do MST, no assentamento Moacir Wanderley, sobre a questão do papel e da luta das mulheres no sistema capitalista atual.

Confira a entrevista com Dilma Lima dos Santos, integrante da direção estadual do MST de Sergipe.

Porque as Mulheres Sem Terra estão se mobilizando?
Hoje, 8 de março, é um dia nacional de luta. Aqui em Sergipe, estamos reunidas desde terça-feira: fizemos até quinta-feira um Encontro de formação política com cerca de 100 Mulheres militantes. Hoje, nos juntamos com as companheiras que chegaram dos nossos assentamentos e acampamentos para ocupar a sede do Incra em Aracaju. Esta manifestação tem o papel de mostrar para a sociedade nossa luta cotidiana contra o capital. 

Qual é o contexto da luta pela reforma agrária em Sergipe?
A situação da reforma agrária no Estado de Sergipe é a mesma que a situação nacional: a reforma agrária não está sendo discutida pelo governo federal, e isto acaba impedindo o avanço da conquista de novos assentamentos, no nosso estado também. 
Aqui temos o exemplo da fazenda Tingui, que dia 12 de março vai fazer 16 anos de luta. Uma década desta luta do povo da Tingui aconteceu durante o governo do PT (Partido dos Trabalhadores). Mas mesmo assim, a gente não conseguiu avançar.

Quais são as reivindicações das Mulheres hoje?
Estamos cobrando o assentamento imediato das 11500 famílias acampadas no estado de Sergipe. Cobramos crédito para que as mulheres possam se organizar melhor nos assentamentos, construindo as casas e as agroindústrias e beneficiando os assentamentos.

Para isto, as mulheres do MST têm que se organizar em cooperativas. As mulheres estão ainda com dificuldades para participar, por causa da falta de compreensão dos companheiros, ou porque elas têm que cuidar dos filhos. Mas estamos melhorando este processo através da nossa luta.



A saúde da Mulher, um tema de luta – Entrevista com Cristiane C.S Zurkinden, médica e militante do MST.


O vínculo entre saúde e gênero foi um dos elementos debatidos durante o encontro. Por quê?

As mulheres são particularmente vulneráveis aos ataques neoliberais: elas sofrem discriminações no mercado de trabalho (com salários inferiores, uma maior taxa de desemprego, etc.), mas também dentro de casa, onde são elas que assumem a maior parte do trabalho doméstico, além de sofrer muitas vezes agressões físicas ou verbais. Esta realidade tem um impacto sobre a saúde da mulher, e dificulta o cuidado da saúde, por falta de tempo e recursos.

Quais são os fatores que influenciam a saúde da Mulher?

São vários. Primeiro o fator biológico: entre as causas mais importantes de morte das mulheres constam o câncer de mama, o câncer de útero e as complicações devidas a um aborto. Estas causas são vinculadas às características da anatomia feminina. 
Mas outros fatores são importantes também: a existência de um serviço público de saúde acessível a todas  - este acesso é hoje difícil, especialmente nas áreas rurais; as desigualdades econômicas; a questão da educação e da prevenção. Sem esquecer a questão cultural: as discriminações e violências sofridas pelas Mulheres podem ser um fator agravando as doenças mentais como depressão ou angústia. 

Como fortalecer a luta para a saúde da mulher no campo?
É imprescindível melhorar e implementar o nosso Sistema Único de Saúde (SUS). Para isto, devemos nos mobilizar com toda a sociedade. Também temos que melhorar a formação das mulheres camponesas sobre as questões da saúde, prevenção de doenças, políticas públicas de saúde: a saúde da mulher deve ser uma bandeira de luta no campo.

quarta-feira, 6 de março de 2013

sexta-feira, 1 de março de 2013

8 de março 2013: Mulheres Sem Terra na luta contra o capital e pela soberania dos povos

As mulheres camponesas promovem em março uma série de atividades em todo o Brasil.


A jornada organizada pelas mulheres da Via Campesina leva o lema Mulheres Sem Terra na luta contra o capital e pela soberania dos povos.
O atual momento político bloqueia a realização da Reforma Agrária.
A classe trabalhadora no campo está sob a hegemonia do capital, que aliado aos latifundiários capitalistas impõe o agronegócio.

No entanto, os povos resistem. Na resistência, preparamos as condições do enfrentamento e da busca de vitórias.
Nessas lutas, as mulheres trabalhadoras atuam com protagonismo, rompendo as correntes do patriarcado, construindo novas relações de gênero e de classe.
Dessa maneira, nossas lutas se baseiam no enfrentamento direto ao capital e na defesa da Reforma Agrária.
Portanto, denunciaremos o modelo destrutivo do agronegócio, que destrói o meio ambiente e ameaça a soberania alimentar do país.
O avanço do agronegócio afeta de forma direta a realidade das mulheres.

Em contrapartida, nossa proposta para o campo brasileiro é uma agricultura baseada na produção agroecológica e a defesa da nossa soberania ambiental.
As mudanças sociais só acontecem impulsionadas pelas lutas da classe trabalhadora. Nossa tarefa principal é lutar pelas transformações estruturais.
Diante desse cenário, as mulheres da Via Campesina construíram um plano nacional de lutas em torno do 8 de Março, o Dia Internacional de Lutas das Mulheres.
Nesse sentido, fazemos alianças com as mulheres trabalhadoras da cidade para que juntas possamos mudar os rumos da história e construir uma sociedade com novos valores e um mundo sem violência e sem opressão.

Assumimos o compromisso de lutar incansavelmente contra toda e qualquer forma de opressão e mercantilização da vida, do corpo e dos bens naturais.

Por que Lutamos?

A Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra 2013, que relembra o 8 de março, tem como objetivo DENUNCIAR o capital estrangeiro na agricultura através das empresas transnacionais e quer chamar a atenção da sociedade do modelo destrutivo do agronegócio para o meio ambiente e ameaça à soberania alimentar do país e a vida da população brasileira, afetando de forma direta a realidade das mulheres.

Com o lema Mulheres Sem Terra na luta contra o capital e pela soberania dos povos, as mulheres do MST abrem a jornada de lutas do ano. As ações fazem enfrentamento contra o retrocesso das conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, em especial a reforma agrária.

A Jornada Nacional de Luta das Mulheres também se coloca como desafio para a divulgação e a construção de formas de viver e produzir que contribuam para a soberania alimentar do país e a preservação da biodiversidade


Violência contra a mulher


A violência masculina contra a mulher é fruto do modelo patriarcal de sociedade, onde as relações pessoais afetivas estão fundamentadas no princípio da propriedade, do controle e do domínio sobre a mulher.

O agronegócio, enquanto implementa a concentração de terras e riquezas em poder de alguns, expulsa milhares de famílias de suas terras, destruindo sua cultura e gerando vazios e isolamentos no interior. Nesses casos, as mulheres são as primeiras a arcarem com as consequências, não tendo onde trabalhar, sendo obrigadas a permanecerem no espaço doméstico, com seu trabalho invisibilizado e não reconhecido. Nesse sentido, é importante destacar também a total vulnerabilidade a que estão relegadas para tratar da sua exposição constante aos agrotóxicos e venenos utilizados na agricultura química do agronegócio.