quinta-feira, 25 de abril de 2013

Reforma Agrária, urgente, necessária e esquecida

O GOVERNO DILMA está em dívida com os trabalhadores rurais sem terra. Seu desempenho nesta área é tão pífio que corre o risco de entrar para a história como o pior governo para a reforma agrária desde a redemocratização do país.

Os movimentos sociais seguem fazendo sua parte, com pressão. Na última semana houve a jornada nacional de luta pela reforma agrária, em que o MST e outros movimentos da Via Campesina se mobilizaram em 18 estados. Em Brasília, mais de 500 trabalhadores estão acampados desde 8 de março, fazendo vigílias e pressões. Os sem terra interromperam o trânsito em mais de 60 rodovias em todo país, para pedir justiça pela impunidade dos fazendeiros, nas centenas de casos de assassinatos de trabalhadores ainda impunes.

Da parte dos povos indígenas, aproveitaram também a semana para protestar. Mais de 700 integrantes de diversas etnias ocuparam o plenário da Câmara dos Deputados e depois o
Ministério da Justiça.

Mas nada disso parece sensibilizar as autoridades federais, em especial o segundo escalão responsável pelas medidas concretas para resolver os problemas sociais que se multiplicam pelo interior do país. Parece repetir-se a máxima de que “os muros dos palácios são tão altos, que deixam os governantes surdos e cegos” para o povo.

Os problemas relacionados com a ausência de uma política séria e verdadeira de reforma agrária só se acumulam. Nesses dois anos de governo Dilma, tivemos o menor número de desapropriações de toda história recente.

Há no poder Judiciário 581 processos de desapropriações parados, alguns com os recursos depositados pelo Incra. E nenhuma instância do governo se mexe para pressionar o  Judiciário a ser mais célere, já que é um programa social cumprindo o que determina a Constituição.

Nas beiras das estradas do país se amontoam mais de 120 mil famílias de sem terras acampados, ligados a diversos movimentos sociais, como da Contag, MST, MLST, sindicatos de trabalhadores rurais e CUT.

Com frequência ouvem-se desculpas na imprensa que seria muito caro desapropriar terras, em temos do agronegócio e da valorização da renda da terra. É a surrada desculpa das elites, sempre que se trata de programas sociais. Da elevação das taxas de juros, dos bilhões pagos em juros para os bancos, das obras públicas desperdiçadas, dos bilhões repassados ao agronegócio, ninguém reclama!

Na imprensa, ouvem-se vozes governamentais dizerem que agora a prioridade é a qualidade dos assentamentos e depois resolveriam dos sem terra. Outro disparate. Seria como dizer aos sem-tetos da cidade, que primeiro vamos reformar as casas de quem tem, para depois construir novas.

Uma coisa não exclui a outra, ao contrário, são complementares. Mas mesmo assim, se o argumento fosse válido, qual é a situação dos assentamentos no Brasil? Os dados do Incra são reveladores da inoperância do governo. Há 180 mil famílias de sem-terra que já foram assentadas e ainda não têm casa.

Depois de dois anos, o governo baixou portaria incluindo os assentados no programa Minha Casa, Minha Vida, mas agora falta outra portaria para regulamentar a primeira. E nenhuma casa foi construída ainda pelo programa.

Os assentados não têm acesso a crédito. O MST sempre alertou que o Pronaf era apenas um crédito para o pequeno agricultor já estabilizado e integrado ao mercado. Hoje, das 800 mil famílias assentadas, cerca de apenas 50 mil têm acesso ao Pronaf,e ainda ficam endividadas. Portanto, é urgente implementar uma nova forma de apoio ao crédito às famílias assentadas.

O Programa de compra antecipada de alimentos da Conab é excelente. Talvez uma das melhores heranças do governo Lula para a agricultura familiar. Porém, menos de 30 mil famílias assentadas têm tido acesso. Da mesma forma o programa que obriga cada prefeitura comprar no mínimo 30% dos alimentos da merenda escolar de agricultores familiares. Os assentados têm muito pouco acesso a esse programa, tal a burocracia de editais, concorrências, e má vontade da maioria dos prefeitos, que preferem seguir com suas negociatas com as grandes empresas fornecedoras pelo atacado, das bolachas, leite em pó e outras enrolações.

O tema da educação no campo também está pendente. Os movimentos do campo denunciaram que nos últimos 15 anos, desde FHC até o governo Dilma foram fechadas mais de 20 mil escolas fundamentais no campo. Em troca o MEC financia vans para os prefeitos trazerem as crianças do campo para estudarem na cidade.

Todos os dias se obrigam a fazer 20, 30 até 100 quilômetros de distância. Uma tragédia. Os movimentos insistem. É preciso retomar a necessidade de que as escolas estejam nas comunidades rurais, próximo das moradias dos trabalhadores. 

E inclusive organizar escolas de ensino médio, onde o transporte dos alunos seja entre as comunidades rurais, sem levar para a cidade. E ampliar as vagas e cotas para filhos de camponeses acessarem o ensino superior, pelo Programa Nacional de Ensino da Reforma Agrária (Pronera), que adota o sistema de cursos especiais, em alternância para filhos de camponeses, e assim evita a migração para a cidade, mesmo durante o curso superior.

A situação é grave. E o governo se faz de desentendido, se iludindo com a falsa propaganda do sucesso do agronegócio. O agronegócio é o modelo do capital, dá lucro para alguns fazendeiros e para as empresas transnacionais, mas não resolve os problemas dos pobres do campo; ao contrário, os amplia.

Editorial do Brasil de Fato número 530, 25 de Abril a 1. de Maio de 2013



quarta-feira, 24 de abril de 2013

Acampamento Maria Lindaura: 480 famílias na luta pela terra!


Em Outubro de 2012, 480 famílias Sem Terra montaram o Acampamento Maria Lindaura, ocupando uma fazenda improdutiva no município de Japoatã (região Norte do estado de Sergipe), região de expansão da cana de açucar.

Segundo Paulo, coordenador do Acampamento: "Nós acreditamos que com um pedaço de terra poderemos produzir alimentos e ter uma vida digna." A situação dos acampados é dura: não tem água no local e muitas famílias têm dificuldades para se alimentar. Mas elas estão confiantes: "Pela luta conquistaremos a nossa terra!"




domingo, 21 de abril de 2013

Militantes do MOTU são detidos por acompanhar despejo na Barra dos Coqueiros


Nessa ultima sexta feira, após passar a noite no relento as famílias da ocupação Vitória da Ilha que se organizavam para levar seus pertences da calçada onde foram colocados apressadamente antes que as maquinas passassem por cima de tudo novamente.
No local haviam mais policiais da choque do que ocupantes no momento estavam trabalhando e o o grupo que estava no local rapidamente se organizou e começou a colocar todos os pertences para fora da ocupação.
Como se bastasse enquanto se reuniam para decidir como levar os pertences chega a policia e escolhem duas pessoas para levarem detidas: Maria da Gloria Ribeiro, Vagner Gonçalves Oliveira.
Não é a primeira vez que isso acontece no ultimo despejo na Barra dos coqueiros 2 pessoas foram presas, motivo: estarem na ocupação no momento em que a policia chegou. Mesmo assim continuaremos a lutar, vivemos em pais onde a democracia existe para os mais ricos, lutaremos para que isso mude e que todos tenham acesso a moradia digna, porque as condições de quem tira do pão de cada dia para pagar aluguel não é fácil.
Lutamos pelo acesso a moradia digna, que as próximas decisões da justiça seja em favor dos mais pobres. Parece não estar claro aos poderes que os trabalhadores precisam comer, dormir, morar e viver dignamente.
A presença de construção de condomínios de luxo não nos impediram de lutar , viva as famílias das ocupações que resistem bravamente as intervenções da especulação imobiliária.
São 5 anos de muita luta e resistência
Viva a ocupação Vitoria da Ilha - Barra dos Coqueiros, 10 meses, Viva a Ocupação Novo Amanhecer- Nossa Senhora do Socorro 2 anos, Viva a Ocupação do 17 de março.... muitas outras ... Almir bezerra de Araújo - Flet atalaia, 1° de maio, Ana Patricia , Oziel Nunes .....
Na Luta por Moradia – MOTU, MOTU, MOTU




Quando o campo e a cidade se unir a burguesia não vai resistir!
Dalva Angélica
Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos- MOTU

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Jornada de luta pela reforma agrária: MST fecha mais de 10 rodovias em Sergipe




17 de abril de 2013


Desde as 9h desta quarta-feira, centenas de trabalhadores e trabalhadoras rurais do MST fecham por 21 minutos, mais de 10 rodovias estaduais e federais em todas as regiões do estado de Sergipe. Entre elas estão a BR 101, no município de Itaporanga D’Ajuda; Itabaiana; Carira; Poço Verde; Malhador, e no sertão nos trevos de Canindé do São Francisco e Gararu.



Após o fechamento das rodovias, foi feita uma vigília no prédio da Justiça Federal, em Aracaju, denunciando a impunidade da violência no campo e a lentidão no julgamento dos culpados pelos crimes. Os 400 militantes do MST presentes também cobraram  mais agilidade da Justiça Federal no andamento dos processos envolvendo áreas reivindicadas pelas famílias do MST.

Mais tarde, a marcha se juntou ao Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU) e seguiu em direção ao INCRA, fazendo a distribuição do informativo do MST “Informes da Terra” e buscando dialogar com a sociedade a respeito da necessidade da Reforma Agrária.


Os camponeses do MST de Sergipe reivindicam o assentamento imediato das 8.500 famílias acampadas no estado, além de infraestrutura para os assentamentos, como estradas, construção de escolas, acesso à água e energia, e medidas para amenizar os efeitos da seca sobre o sertão.


As mobilizações fazem parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, em memória aos 21 Sem Terra assassinados no Pará em 1996, no Massacre de Eldorado dos Carajás. 



terça-feira, 16 de abril de 2013

Jornada Nacional de Luta Pela Reforma Agrária


MST FAZ VIGÍLIA NA CAPITAL


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST em Sergipe realiza nesta quarta-feira (17 de abril) Mobilização em Aracaju e em todo Estado em virtude da Jornada Nacional de Luta pela reforma Agrária, em Memória do Massacre de Eldorado dos Carajás-PA em 17 de Abril de 1996, e reunirá representações dos acampamentos e assentamentos de todas as regiões do Estado.
Mais do que relembrar os 17 anos de Impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás, o 17 de Abril representa o Dia Internacional da Luta Camponesa, esta data é um espaço de luta e resistência dos trabalhadores pautando a Reforma Agrária.

Entre as principais pautas de reivindicação dos trabalhadores, está a elaboração de um plano emergencial para o assentamento das mais de 186 mil famílias acampadas e a criação de um programa de desenvolvimento dos assentamentos, com investimentos públicos em habitação rural, educação e saúde, crédito agrícola, além de denunciar a impunidade da violência que tem vitimado inúmeros trabalhadores e trabalhadoras.

Programação: estão previstas ações como Trancamentos de BR’S e Rodovias pelo tempo de 19 mim (em memória dos 21 mortos de Eldorado dos Carajás) com panfletagem, vigília na sede da justiça federal em Aracaju, panfletagem no calçadão e manifestação na praça do INCRA.



Mais informações:

Esmeraldo Leal: 9945-6559
José Alberto: 9976-1889
Gileno Damascena: 9995-1201


segunda-feira, 8 de abril de 2013

O MST semeia saúde

No dia 8 de abril, o Coletivo de Saúde do MST-Sergipe realizou um ato na cidade de Nossa Senhora da Glória (Alto Sertão), para comemorar o Dia Mundial da Saúde (7 de Abril), assim como a memória dos Sem Terra assassinados durante o Massacre de Eldorado de Carajás (17 de Abril de 1996). Sob o lema “Semeando saúde no campo e cidade”, o evento contou com a parceria da secretaria municipal de Saúde de Glória e o grupo artístico “Luz do Sol”, e invitou os acampados e assentados do MST na região, assim com os trabalhadores da cidade de Glória, a compartilhar um momento de debate e aprendizado sobre as práticas integrativas e complementares de saúde.
O dia iniciou com um momento de cuidado coletivo com Tai Chi Chuan, seguido logo por um “café da manhã saudável”, com a apresentação do documentário “O veneno está na mesa”, denunciando os perigos dos agrotóxicos e o seu uso intensivo pelo agronegócio.
Durante o debate Katia Aragão, da Secretaria estadual de Saúde do Estado de Sergipe, apresentou os grandes eixos da implantação das políticas integrativas de saúde no estado. Para Maria Solange Feitosa, dirigente do setor de saúde do MST, “a implantação destas políticas públicas precisa de um povo organizado e reivindicando os seus direitos”. Segundo a militante, também não se pode discutir de saúde sem denunciar o atual modelo de agricultura dominado pelo agronegócio, que envenena trabalhadores e consumidores: “Precisamos enfrentar este modelo, que coloca a nossa saúde em perigo.”
O evento foi animado, com apresentações culturais do grupo de capoeira Filhos de Negro da Aruanda e do grupo Tambores do Sertão, e palestra com agentes da ADEMA. No final, o público pode experimentar oficinas práticas de massoterapia, Fito terapia, Reza, Rei Ki, ilustrando os saberes populares.
O ato se encerrou com companheiros do MST cantando a vida do povo sertanejo e sua luta por uma vida digna. Simbolizando os 19 Sem Terra assassinados em Carajás, 19 mudas de plantas medicinais foram entregue ao Coletivo de mulheres do pré-assentamento Adão Preto. As mudas darão início a uma horta medicinal.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

8 de Abril em Glória: Semear Saúde no campo



Data:  08 de abril 2013 em comemoração ao Abril Vermelho e ao dia Mundial da Saúde
Local: Praça Antônio Alves Feitosa (Praça dos Quiosques)
           N. Sra. Da Glória - SE
           Por uma saúde que se planta e se implanta

Programação:

6:00   Despertar com o Tai-Chi-Chuan « Saudação ao sol »              

7:00   Café da manhã  saudável com a projeção do documentário « o Veneno está na mesa » 

8:00   Apresentação artística local
           
9:00   Formação da mesa roda e discussão sobre: Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em  Saúde (PNPIC) no SUS 

10:30  Abertura à comunidade dos saberes e práticas populares
             Avaliação Holística Fitoterapia
             Reiki Massoterapia Reza

10:00 às 11:30  Oficinas práticas:
            Nutrição Saúde Bucal
            Cuidados das pessoas com limitações de locomoção
            (idosos, sequelados e deficientes físico entre outros)

11:30  Mística de encerramento;




              
           Reforma Agrária: Por Justiça Social e Soberania Popular!

MST comemora o nascimento do assentamento Daniel Ricardo


Dia 3 de Abril, o MST-Sergipe comemorou a emissão de posse da antiga fazenda Japão, hoje projeto de assentamento Daniel Ricardo, no município de Canindé de São Francisco (Alto Sertão Sergipano). “Para as 43 famílias do assentamento, o dia é de grande alegria. Porque agora, graças a nossa luta, esta terra é nossa”, ressaltou Laurena Barbosa dos Santos, coordenadora do assentamento

A luta foi sofrida: quando as famílias do MST ocuparam a fazenda Japão, 8 anos atrás, o dono reagiu com a maior truculência: “Uma noite, o filho do fazendeiro e 10 homens armados tocaram fogo nos barracos”, lembra seu Barnabé, então acampado na fazenda. “A gente só pode tirar algumas coisas e ir embora. A maioria dos barracos queimou. Todo mundo teve que se mudar para outro acampamento, na beira da estrada.”

O MST não parou de reivindicar a área, que foi atribuída às famílias Sem Terra através do Convênio de Terras firmado entre o Governo de Estado de Sergipe e o Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Segundo Gileno Damascena Silva, dirigente do MST em Sergipe: “A emissão de posse da fazenda Japão representa o fechamento do ciclo do primeiro Convênio de Terras, que permitiu o assentamento de mais de 1000 famílias na região do Alto Sertão sergipano.”

O assentamento foi nomeado Daniel Ricardo, em homenagem a Daniel Ricardo dos Santos, um filho da região de Canindé, grande amigo e apoiador da luta do MST desde os primeiros acampamentos, falecido este ano.

Dezenas de assentados e acampados do MST em Sergipe participaram do ato, assim como personalidades públicas e representantes do Estado. O vice-governador do Estado de Sergipe, Jackson Barreto, reafirmou a importância da reforma agrária e da luta do MST para o desenvolvimento do Brasil.