segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Feira da Reforma Agrária do MST-Sergipe

De 01/10 a 04/10 na Praça Fausto Cardoso, Centro, Aracaju-SE.
 
Abertura: Show com Pedro Munhoz
Produtos das áreas de assentamento de Sergipe.
 
Venham apoiar a Reforma Agrária e adquirir alimentos saudáveis!
 
"Amar a terra e nela plantar sementes a gente cultiva ela e ela cultiva a gente...
Choro virou alegria e fome virou fartura e na festa da colheita viola e noites de lua" (Zé Pinto)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Após 16 anos de luta, 223 famílias podem ser despejadas em Sergipe



O acampamento mais antigo do estado de Sergipe, o Zumbi dos Palmares, corre o risco de sofrer despejo.
Localizado entre os municípios de Malhador, Divina Pastora e Santa Rosa - região metropolitana do estado -, as 223 famílias do Acampamento Zumbi dos Palmares podem ser despejadas já em novembro após uma série de lutas nos últimos meses.  
Em julho, as famílias conseguiram arrancar uma vitória. Com integrantes de acampamentos vizinhos, ocuparam durante três dias a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos do Estado de Sergipe (Cohidro).
Sob a pressão, a Cohidro se comprometeu a repassar ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para fins de assentamento,  os lotes do perímetro irrigado Jacarecica II, que abrange uma parte da área ocupada. As famílias serão contempladas com seis lotes, totalizando 24 hectares.
Apesar dessa boa notícia, a incerteza permanece. As terras da fazenda Tingui, que representam uma área de 1980 hectares, ainda estão em disputa. Em 2005, o então presidente Lula assinou um decreto de desapropriação da fazenda para fins de Reforma Agrária.
Em 2011, entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou o decreto, alegando que uma terra ocupada não poderia ser desapropriada. Em abril deste ano, uma juíza emitiu uma liminar de reintegração de posse com prazo até o dia 29 de agosto. Graças à mobilização do MST, a ordem de despejo agora está postergada para novembro.
Histórico
O Acampamento Zumbi dos Palmares é emblemático da luta do MST em Sergipe. Em 1987, famílias do Movimento ocuparam pela primeira vez as terras da Fazenda Tingui, propriedade dos Barreto, uma influente família de latifundiários da região.
Um despejo violento ocorreu dois dias depois da ocupação,  ao serem presos diversos militantes do Movimento. Em 1997, o MST organizou a segunda ocupação da área. 223 famílias acampadas resistem até hoje. Apesar de terem transformado uma fazenda improdutiva em uma área de importante produção agrícola, elas estão ameaçadas de despejo.
Uma vida debaixo da lona
Lucas dos Santos, de 69 anos, estava presente no dia 12 de março de 1997, quando 300 famílias organizadas pelo MST entraram na fazenda, situada na região metropolitana do estado de Sergipe. “Aqui era mato fechado, a fazenda era abandonada. Fizemos a derrubada, levantamos os barracos”, lembra Lucas.
Como muitos dos seus companheiros de luta, Lucas viu seus filhos crescerem no acampamento ao longo dos 16 anos de ocupação. “Cheguei novo, hoje estou velho. Tenho uma menina que nasceu aqui e hoje já está casada e mãe de um filho”, conta o Sem Terra. Atualmente, 152 crianças moram no acampamento.
Andre Carlos da Silva tinha 10 anos quando chegou com sua mãe, Dona Maria, e seus quatro irmãos na Tingui. A irmã mais nova, Adrielly, tinha apenas um ano. Os cinco filhos foram criados dentro do acampamento.
Aos 26 anos e casado, o futuro de Andre e sua família ainda está inseguro. “Governos entraram e saíram e até hoje estamos na incerteza, porque a fazenda ainda não foi desapropriada”.
Sem Terra produzindo
O acampamento Zumbi dos Palmares sempre se destacou por sua farta produção de alimentos. “Desde o início produzi aqui, como todos meus companheiros. Plantamos macaxeira, banana, inhame, milho. Também tem criadores de gado”, afirma Lucas.
Os acampados chegaram a organizar a Feira da Reforma Agrária na capital Aracajú. “Levávamos dois a três caminhões de produção a cada sexta-feira, com tudo que você pode imaginar: batata, melão, melancia, inhame...”, observa Andre.
Hoje, a produção de alimentos segue importante. Quem percorrer as terras ocupadas se deparará com inúmeras roças de milho, macaxeira, quiabo, bananas, maracujá, etc.
Agostino, 40 anos e acampado há 10 anos com a esposa e a filha, cria peixes e patos com o irmão Adailson, de 30 anos. Ele deixou o emprego na construção civil, na capital, em busca de uma vida melhor.
“As pessoas que não têm muito estudo não conseguem um emprego que dê uma renda suficiente para manter a família. O campo é uma opção melhor para ter uma vida digna.” Além da criação de peixes, Agostino e Adailson plantam quiabo, maxixe, couve.
Os irmãos querem ampliar a produção e criar gado, mas estão na expectativa. “Estamos esperando a imissão de posse. Tudo depende disto.”
A influência do agronegócio
Além da influência política da família Barreto, os acampados apontam outro fator explicando a dificuldade do processo de desapropriação: a Fazenda Tingui está situada numa área caracterizada por um forte avanço da produção de cana-de-açúcar.
Segundo Andre, empresas do agronegócio estão de olho nas terras. “O objetivo deles aqui é a produção de cana. A fazenda está situada num local estratégico, na proximidade de três cidades. Assim, as empresas teriam mão de obra disponível, sem precisar importar de fora.”
Mobilizados
O clima de incerteza pesa sobre o dia a dia das famílias. “Estamos fazendo projetos para produzir nesta terra, mas o fazendeiro não quer deixar. Esperamos a ajuda de governo, dos políticos, pois estamos sofrendo demais, sem limite”, desabafa Adailson.
A produção também está prejudicada. “A situação está complicada demais. A ameaça de despejo empata. O cara quer trabalhar, mas não pode, porque tem medo de perder tudo”, resume Lucas.
O MST cobra do governo do estado de Sergipe e do governo federal a desapropriação imediata da fazenda e o assentamento de todas as famílias acampadas no local. Segundo Dona Iraci dos Santos, coordenadora do acampamento e integrante da direção estadual do MST, as famílias estão indignadas com a situação, mas não vão desistir.
“É um descaso com o povo. Estamos unidos para enfrentar a situação, e permaneceremos mobilizados até conseguir a vitória!” “A terra sai sim”, acrescenta Dona Maria. “Mas precisamos seguir organizados e lutando!” 
 















segunda-feira, 16 de setembro de 2013

MST será Homenageado com o Prêmio Sergipe de Direitos Humanos.



A solenidade de entrega do prêmio fará parte da Programação da Conferência de Abertura do Seminário Nacional de Direitos Humanos e juventude, organizado pelo Instituto Braço.           
                                                                                                 
Ao longo das três últimas décadas, o MST tem se constituído como um dos movimentos sociais mais incisivos da América Latina, pautando a questão da democratização do acesso à terra.         
                                                
Lutando pelos princípios da função social da terra, o MST tem incidido na agenda política brasileira, abrindo diversas frentes de luta que resultaram na ampliação dos direitos, principalmente, das pessoas e comunidades da zona rural, dos homens e mulheres do campo do Brasil e de Sergipe.


“MST, Lutar, construir uma reforma agrária popular.”


Data: 17 de setembro de 2013.
Local: Teatro Atheneu, (Rua Vila Cristina s/n, Bairro São José- Aracaju).
Horário: 18:30hs

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

EM DEFESA DO SUS E DA VINDA DOS MÉDICOS ESTRANGEIROS PARA SERGIPE


O programa “Mais Médicos” do Governo Federal prevê diversas medidas para mudar a saúde pública brasileira, como a oferta de uma bolsa de R$10.000,00 para médicos, brasileiros e estrangeiros, que forem trabalhar em periferias de grandes centros e interiores dos estados (locais de difícil provimento de médicos).


Em Sergipe, no dia 02/09, 17 médicos brasileiros inscritos no programa começaram a trabalhar. Neste sábado (14/09) as 11h chegarão 4 médicos cubanos e neste domingo (15/09), as 14h, chegarão ao nosso estado mais 6 e 2 médicos brasileiros que possuem diploma estrangeiro. Os movimentos sociais de Sergipe estarão presentes para recepcioná-los com muita festa, carinho, alegria e entusiasmo. Os cubanos serão distribuídos entre cinco municípios sergipanos, dois para cada: Canindé do São Francisco, Gararu, Nossa Senhora das Dores, Poço Redondo e Umbaúba.

Apesar dessa medida não resolver problemas graves do Sistema Único de Saúde (SUS), como o subfinanciamento e o avanço do setor privado sobre a saúde pública, ela tem caráter progressista, pois leva médicos até populações que historicamente tiveram o acesso à saúde impedido. Ou seja, o programa Mais Médicos tenta suprir a carência de assistência médica nesses locais.

Além disso, o programa teve a capacidade de, nos últimos meses, colocar a saúde pública no centro das atenções. Hoje, temos uma desproporção absurda no número médicos entre os setores público e privado: há 4 vezes mais postos de trabalho médico no setor privado do que no SUS. Com o programa, teremos mais médicos trabalhando na rede pública.

Isso fortalece o SUS! Primeiro, porque os médicos do programa trabalharão no SUS, sistema que quase ¾ da população brasileira depende para ter acesso a assistência a saúde e tem como um de seus princípios a Universalidade do acesso – e sem trabalhadores o sistema não funciona. Assim, fica fortalecida a ideia de que saúde não é uma mercadoria a ser acessada mediante pagamento, mas direito de todos e dever do Estado, como prevê a Constituição Federal. Segundo, porque a presença de médicos em regiões historicamente desassistidas poderá gerar saudáveis contradições. Por exemplo, o profissional poderá reivindicar melhores condições de trabalho junto às autoridades locais.

Há o relato de um médico recém-formado que se inscreveu no programa Mais Médicos e, ao chegar no povoado onde iria trabalhar, deparou-se com falta de medicamentos na unidade de saúde. Prontamente, questionou o secretário, que lhe respondeu: como o povoado não contava com nenhum médico nos últimos 2 anos, não fazia sentido comprar remédios para não serem prescritos e estragarem com o tempo. O jovem médico, então, entregou ao secretário uma lista com medicamentos que julgava necessário estarem na unidade de saúde e, na semana seguinte, recebeu boa parte do pedido. Isso não é o ideal, mas ilustra o fato de que as coisas podem ser mudadas mediante pressão social e construção coletiva, inclusive dos profissionais da saúde.
Ademais, nem todas as unidades de saúde estão precarizadas a ponto de nenhum profissional ter condição de trabalhar nelas. Existem unidades novas ou em bom estado de conservação, nos interiores e nas capitais, que necessitam, dentre outras coisas, a fixação de médicos para tocarem o serviço.

Há necessidade de médicos em diversas regiões do país e de mais investimentos na saúde pública. Ambas as reivindicações (mais médicos e mais estrutura) são necessárias e devem ser combinadas. Uma não impede a outra. A população deve apoiar a vinda dos médicos estrangeiros e lutar por reformas estruturais e mudanças no modelo brasileiro de assistência à saúde – como mais financiamento do SUS (defendemos 10% da receita bruta da União exclusivamente para a saúde pública); mudança na formação dos profissionais da saúde para que tenham mais contato com a Atenção Primaria durante a graduação; maior valorização e plano de carreira para trabalhadores do SUS; acesso universal a medicamentos em todo o território nacional; fim da precarização do trabalho, das terceirizações e das privatizações na saúde.

O Brasil precisa de Mais Médicos, de Mais SUS e de muito mais!

Assinam esta nota:
Articulação nacional de movimentos e práticas de educação popular e saúde (Aneps)
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Levante Popular da Juventude

Associação Cultural Raízes Nordestinas (ACRANE)
Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU)
Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Coletivo de Juventude do Alto Sertão
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
Movimento Popular de Saúde (MOPS)
Coletivo Quilombo
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Consulta Popular
Fórum em Defesa da Grande Aracaju
Instituto Braços
Marcha Mundial de Mulheres (MMM)
Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH)
Movimento Negro Unificado (MNU)
Movimento Popular Ecológico (MOPEC)
Movimento Sem Casa (MSC)
Sindicato dos Assistentes Sociais de Sergipe (SINDASSE)
União Estadual de Estudantes de Sergipe (UEES)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

MST comemora a conquista do Projeto de Assentamento Cleomar Brandi

Nesta quarta-feira (11/9) de Setembro, o MST comemorou a imissão de posse da antiga fazenda Betânia, hoje projeto de Assentamento Cleomar Brandi, no município de Lagarto (SE). Desde 1988, 30 famílias de acampados lutavam para que a área se tornasse um assentamento.
A militância e a direção MST da região decidiu homenagear o jornalista Cleomar Brandi, que durante sua atuação profissional defendeu o movimento e denunciou os donos dos latifúndios. Cleomar nasceu no dia 18 de janeiro de 1946, na cidade de Ipiaú, Bahia, e faleceu no dia 07 de Julho de 2011 em Aracaju.
Dezenas de pessoas, assentados e acampados participaram do ato, assim como personalidades públicas e representantes do Estado.






quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Contra médicos cubanos, xenofobia, racismo e elitismo

Simone Freire, Brasil de Fato número 459, 5 a 11 de setembro de 2013

Segundo pesquisa divulgada  pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), nesta terça-feira (10), a maioria da população brasileira é favorável à contratação de médicos estrangeiros por meio do Programa Mais Médicos. Das 2.002 pessoas entrevistas, 73,9% apoiam o programa e 49,6% delas acreditam que ele solucionará problemas graves relacionados à saúde no país.
No entanto, demonstrações de xenofobia, racismo e preconceito reverberaram nas últimas semanas, após a chegada de centenas de médicos estrangeiros, dentre eles 400 cubanos que irão participar do programa por meio do acordo entre o Ministério da Saúde e a Organização PanAmericana de Saúde (Opas). Os recentes episódios demostraram que as críticas ao programa ultrapassam a questão da saúde pública e chegam ao campo político e ideológico.
Acostumados a trabalhar em zonas de conflito ou países com baixo IDH na América Latina, África e Ásia, 96 médicos, na sua grande maioria cubanos que haviam acabado de participar do primeiro dia do curso de formação sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), em Fortaleza (CE), foram rechaçados por dezenas de médicos brasileiros. Foram gritos, xingamentos e vaias.
O fato ganhou massiva divulgação por dezenas de veículos de comunicação e nas redes sociais através da foto de um médico cubano negro sendo vaiado por médicas jovens, o que levantou a discussão do racismo contra os cubanos. Na mesma semana, a jornalista do Rio Grande do Norte, Micheline Borges, também causou enorme tumulto nas discussões acerca do assunto. Em sua página pessoal do Facebook ela declarou de modo pejorativo que as médicas cubanas pareciam “empregadas domésticas”. Tamanha foi a repercussão negativa que a jornalista excluiu sua conta na rede social.

Contra os cubanos
Estes e outros episódios colaboraram para pautar algumas reflexões e contradições na aversão por parte de alguns dos médicos brasileiros e entidades de classe, como o Conselho Federal de Medicina (CFM), à imigração dos médicos. Uma das reflexões é que as ações preconceituosas se restringem, na maioria das vezes, aos cubanos e não ao programa em si.
A nota da CFM, por exemplo, expõe de forma clara seu posicionamento contrário à vinda específica dos médicos cubanos. Para a entidade, o anúncio da chegada de médicos da ilha caribenha é “eleitoreiro, irresponsável e desrespeitoso”.
A nota também coloca em dúvida a qualidade da medicina do país de Fidel Castro e condena “de forma veemente a decisão irresponsável do Ministério da Saúde que, ao promover a vinda de médicos cubanos sem a devida ‘revalidação’ de seus diplomas e sem comprovar domínio do idioma português, desrespeita a legislação, fere os direitos humanos e coloca em risco a saúde dos brasileiros, especialmente os moradores das áreas mais pobres e distantes”.
Para o CFM, embora os dados do Ministério da Educação (MEC) comprovem que os médicos formados em Cuba foram os mais aprovados no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida) em 2011 e 2012, os médicos e a medicina cubana ainda não são confiáveis.
Já para o Ministério da Saúde, os médicos cubanos não precisam prestar o exame justamente porque não vão exercer plenamente a profissão no país. Eles atuarão no Programa Saúde da Família, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), sem poder dar plantão em hospital, fazer cirurgias, anestesias, procedimentos cirúrgicos e clínicos fora das UBSs.

Além das aparências
Para alguns estudiosos, a resistência aos médicos cubanos de nada tem a ver com a qualidade da medicina, mundialmente reconhecida, mas com o regime político de Cuba. Mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Felipe Henrique Gonçalves analisa que há um preconceito com os médicos por serem negros e latinos, mas que o problema também tem cunho corporativista e elitista.
Em geral, cursos de medicina são caros, o que torna quase impossível o acesso à profissão para estudantes de baixa renda, concentrando a profissão nas mãos de poucos.
Mesmo nas universidades públicas, segundo levantamento do Ministério da Educação (MEC), 88% das matrículas são preenchidas por estudantes que vieram de escolas particulares.
Gonçalves vai além. Para ele, grande parte dos médicos brasileiros são politicamente conservadores e temem ver na vinda dos médicos cubanos a perda dos seus privilégios. “A grande verdade é que a classe média não está mais aguentandover os seus impostos servindo para fazer políticas de transferência de renda para o Norte e Nordeste”, ressalta o professor de História.
Para a antropóloga Bernadete Castro, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro (SP), a questão dos médicos cubanos no Brasil vai além do corporativismo das profissões, principalmente no caso do CFM que exige o Revalida. “Há um preconceito muito maior com o regime e a medicina cubana. Cuba tem desenvolvido na área da medicina preventiva e tem atendido de uma forma muito ampla a sua população. Inclusive, o Brasil, durante muito tempo, consumiu e distribuiu vacinas produzidas em Cuba para várias doenças. Este preconceito é muito mais ao regime cubano e ao desconhecimento da população em relação a isso”, analisa.

Não é novidade
A chegada dos médicos cubanos para suprir as necessidades do Sistema Único de Saúde no Brasil não é algo inédito. Em 1998, mais de uma centena deles foram contratados pelo Brasil para atuar no Tocantins. Mas o projeto durou pouco. Em 2005, eles tiveram que deixar o país quando o Ministério Público do Trabalho entrou com ação alegando que os profissionais não tinham o devido registro para exercer a profissão.
O presidente da Associação de Educadores Latino-Americanos (AELAM), José Marinho de Gusmão Pinto, manteve contato por um bom tempo com a medicina cubana e é favorável ao acordo entre a Opas e o Ministério da Saúde. Ele relembrou a participação dos médicos em Tocantins e disse que, como ocorre nos dias de hoje, “os médicos que eram anticubanos puseram defeitos, criando problemas” ao projeto e à permanência dos caribenhos no país.
Em visita ao Brasil para uma série de apresentações, a dupla de rappers cubanas Las Krudas se surpreendeu com a recepção aos médicos cubanos. Segundo elas, não é compreensível que alguns brasileiros não queiram abrir as portas para os médicos de seu país, uma vez que Cuba é solidária, abre suas portas a outros homens da América Latina e oferece saúde para o povo.
Segundo Odaymara Cuesta, integrante do grupo, independentemente do governo e independentemente do capitalismo ou do socialismo, o importante é a saúde do povo. “É importante que o médico venha trazer saúde para a periferia e para a favela, lugares onde o médico rico brasileiro não que ir. Para mim isto é mais importante que  política entre os países”, comenta.
Embora tenha achado a manifestação dos médicos brasileiros interessante, uma vez que em Cuba estas ações são proibidas, Olivia Prendes, diz ter se sentido ofendida já que ela “também representa a saúde cubana”.
Em entrevista ao Brasil de Fato em uma apresentação em Cidade Tiradentes, zona leste de São Paullo, a dupla afimou ainda que esta é a primeira vez que presencia este tipo de aversão à presença de médicos cubanos em algum país.
“Venezuela, África, Haiti, Angola, Paquistão, em todos os lugares que está um médico cubano o que sei é que as pessoas querem que estejam ali porque tratam bem as pessoas e não são médicos que estão buscando dinheiro; estão pela missão de curar as pessoas”, ressalta Odaymara.

sábado, 7 de setembro de 2013

Grito dos Excluídos reúne mais de 1000 manifestantes em Aracaju

Nesse sábado (7), o Grito dos Excluídos reuniu mais de 1000 integrantes de movimentos sociais, pastorais e sindicatos em Aracaju.
 
Sob o lema “Juventude que ousa lutar, constrói o projeto popular”, os participantes da 19ª edição do Grito dos Excluídos se reuniram de manhã na Praça Olímpio Campos, no centro da capital. Os manifestantes, representando movimentos sociais do campo e da cidade, sindicatos, pastorais e várias entidades de luta da classe trabalhadora, marcharam depois nas ruas do centro até a praça da Bandeira, formando um contraponto ao desfile oficial celebrando o dia da Independência do Brasil.



Os manifestantes denunciaram as injustiças e as desigualdades promovidas pelo sistema capitalista, a privatização das políticas públicas, a precarização da vida, a mercantilização e a financeirização dos bens comuns, e os impactos destruidores dessas injustiças sobre a grande maioria da população jovem, no campo e na cidade. Entre as reivindicações dos movimentos presentes: Reforma Agrária e Urbana, investimentos na educação e na saúde públicas, fim dos leilões do petróleo, demarcação das terras quilombolas no estado, fim da exterminação da juventude negra nas periferias, democratização dos meios de comunicação. Os manifestantes expressaram também o apoio à vinda dos médicos cubanos ao Brasil.
Segundo Gislene Reis, da direção estadual do MST em Sergipe, essa 19ª edição do Grito dos Excluídos ocorreu num contexto marcado por uma onda de mobilizações da juventude, no Brasil e no mundo: “Essas mobilizações tem que seguir adiante, na construção de um verdadeiro poder popular.” A dirigente lembrou que o MST cobra do governo Dilma a Reforma Agrária, como forma de propiciar uma vida digna a milhares de famílias pauperizadas do campo e da cidade. E cobrou dos governos do estado e federal a desapropriação imediata da fazenda Tingui, ocupada há 16 anos por 223 famílias do MST, hoje ameaçadas de despejo.

Apesar do caráter pacífico da manifestação, a Polícia Militar arrestou dois militantes do Movimento Não Pago. Os organizadores cobraram do governo de Sergipe a libertação imediata dos dois militantes.





quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Grito dos Excluídos 2013: Juventude que ousa lutar constroi o Projeto Popular!



OBJETIVO GERAL

Anunciar, em diferentes espaços, sinais de esperança com a perspectiva de transformação e construção de um Estado efetivamente a serviço da Nação e que respeite os direitos fundamentais da pessoa humana. Fortalecer a organização, a mobilização e a luta popular. Denunciar todas as injustiças, promovidas pelo sistema capitalista, implantado em nosso país e que causa a destruição, a privatização das políticas públicas, a precarização da vida, a mercantilização e a financeirização dos bens comuns.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Defender a vida humana em todas as suas dimensões, construir alternativas que fortaleçam organizem e mobilizem os/as excluídos/as a lutar por uma sociedade nova;

- Defender o direito de todas as pessoas ao acesso à políticas públicas de qualidade e exigir mais recursos públicos para os direitos sociais;

- Lutar por justiça social e ambiental e defender os bens comuns (água, terra, minérios, sementes...);

- Denunciar as formas de organização e exploração do capital, que se mostram com uma nova roupagem, neo-desenvolvimentista, nos megaprojetos (hidrelétricas, portos, rodovias, arenas,...) e nos megaeventos (Copa e Olimpíadas);

- Denunciar o uso do orçamento público para o pagamento de juros e amortizações da dívida pública brasileira;

- Construir manifestações populares que promovam a esperança e novas perspectivas de vida;

- Evidenciar que as crises, geradas pelo sistema capitalista, retiram direitos dos/as trabalhadores/as e aprofundam a exploração do trabalho precário e o desemprego;

-Fortalecer as lutas dos povos em busca da soberania dos países e apoiar as formas de luta popular em favor da transformação;

- Promover debates sobre as novas relações (gênero, raça, etnia, valores...), que contribua

EIXOS

MUNDO DO TRABALHO

São vários os desafios para a juventude trabalhadora, a começar pela lei de incentivo ao primeiro emprego do governo federal, com bases no mercado capitalista. Os jovens são encaminhados ao mercado de trabalho como estagiários, sem direitos trabalhistas, como mão de obra barata. A terceirização também atinge a juventude trabalhadora, submetendo-a a condições precárias, salários menores, alta carga horária. Além disso, ocorrem muitas doenças e acidentes de trabalho, nem sempre registrados no Ministério do Trabalho. Outro agravante é o desemprego, 3,7 milhões de jovens brasileiros/as estão sem trabalho, o que representa 47% do número total de desempregados no país. Muitos jovens vivem a realidade do subemprego, realizando biscates e sem nenhuma seguridade.

Devemos denunciar a exploração sofrida pelos jovens trabalhadores/as do campo e da cidade; Levar a discussão sobre a ligação entre precariedade, exploração, desemprego e a relação com os governos; Gritar pelos Direitos Trabalhistas e educação formal da juventude; Construir e divulgar caminhos concretos para a juventude trabalhadora enfrentar essa realidade.

JUVENTUDE E A EXCLUSÃO

Cresce cada vez mais o número de pessoas, em sua maioria jovens, vivendo em situação de profunda exclusão social, sem nenhum acesso, ou acesso precário, aos bens culturais, sociais e condições para uma vida digna. Além do que, muitas vezes, são vítimas da prostituição, do assédio e do tráfico de drogas ou vítimas do uso abusivo dessas drogas, o que ocasiona rupturas dos vínculos comunitários e a rua surge como saída para a sobrevivência. Uma realidade que escancara a mais profunda expressão das desigualdades sociais, que exclui e limita as possibilidades de garantia mínima de dignidade. Devemos lutar pela desconstrução desta realidade que cada vez mais se torna invisível aos olhos do sistema, do Estado, dos políticos e da sociedade como um todo.

COMUNICAÇÃO

Apesar da internet e as novas tecnologias terem aberto as portas para novas formas de fazer e disponibilizar informação, conhecimento, entretenimento, ainda não atingem toda a sociedade, principalmente a massa excluída economicamente. Se, por um lado, contribuem para intercâmbios culturais, novas amizades, trocas de informações, por outro, transferem valores mercadológicos, consumistas e imediatistas.

Esse processo atinge mais diretamente as juventudes, seja no campo ou na cidade. Queremos denunciar os meios de comunicação de massa que vêm, ao longo da história, utilizando as mídias como instrumento de poder, alienação e manipulação da juventude e da sociedade. As mídias alternativas apresentam-se como uma forma de democratizar as informações, articular, mobilizar e impulsionar a organização coletiva em prol de objetivos comuns. Queremos anunciar que outra forma de comunicação é possível, precisamos nos apropriar dos mecanismos de mídia em favor das lutas sociais, gritamos pela democratização da comunicação!

POLÍTICAS PÚBLICAS

Na última década especialmente, com a criação da Secretaria Nacional de Juventude, do Estatuto da Juventude e do Conselho Nacional da Juventude, os jovens se reconhecem como sujeitos de direitos. O governo federal também criou programas de juventude em varias áreas e modalidades, que oportunizam formação para o mundo do trabalho. Junto com isso, também foram impulsionados a criação de conselhos, espaços de participação da sociedade, das diversas organizações de juventude, parao monitoramento, avaliação e proposição de políticas públicas. Tudo isso é fruto da luta organizada da juventude e, apesar destas conquistas, ainda falta muito para que se responda às necessidades da maioria dos jovens. A grande parte da juventude não está sendo atendida como deveria, os empregos estão cada vez mais precários, inclusive os que fazem parte dos programas do governo. A educação não é acessível a todos/as, principalmente aos que vivem em situação de exclusão. O Grito desafia toda a juventude e sociedade a debaterem sobre pol

íticas públicas para a juventude com os movimentos sociais e poder público, para que de fato as políticas públicas sejam implementadas e monitoradas, visando uma sociedade mais justa e igualitária.

EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE

A juventude está sofrendo com a violência e o extermínio no Brasil. Os estados com maior índice de violência são Espírito Santo, no sudeste, e Alagoas, no nordeste. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, os jovens negros são as principais vítimas de agressões e dos homicídios nos centros urbanos, e lideram o ranking dos que vivem em famílias consideradas pobres, dos que recebem os salários mais baixos, dos desempregados e dos analfabetos. Os/as jovens de 15 a 24 anos são as principais vítimas de morte, estendendo-se, de forma significativa, até os 29 anos de idade. O Grito dos/as Excluídos/as clama por paz e justiça, contra qualquer tipo de extermínio, seja físico ou mental, que atinja nossa juventude e convida a todos/as a somar-se às lutas que já vêm acontecendo.

JUVENTUDE E PROJETO

POPULAR PARA O BRASIL

Os jovens do campo, das periferias e favelas, das escolas e universidades são constantemente disputados pelo projeto capitalista. É em contraposição a este projeto que os jovens devem se lançar, no desafio da construção do Projeto Popular. O que só será possível com a luta pela construção de uma democracia plena e real, que socialize com qualidade as terras, a água, a energia, os meios de comunicação, o acesso à saúde, à educação, à moradia, ao transporte e a tantos outros direitos. Isso, somado à luta pela soberania, onde os povos tomem o rumo do país em suas mãos e onde o desenvolvimento seja ambientalmente sustentável e voltado ao interesse do povo.

Sabemos que para isso é fundamental o participação juvenil e de todos os trabalhadores e trabalhadoras. É com o trabalho coletivo que tomaremos o futuro em nossas mãos. Juventude que ousa lutar, que busca alternativas, e que é parte do povo brasileiro, constrói o Projeto Popular!

MÍSTICA

Estamos numa época de grandes mudanças e novos desafios, precisamos refletir sobre o protagonismo social dos jovens, homens, mulheres, negros, urbanos e rurais para superarem as crises, as adversidades e as situações traumáticas. É aí que entra a nossa espiritualidade, fonte e base de sustentação a uma prática transformadora com olhar distinto e microscópico das situações/realidades, que conduza à cidadania. É através da mística que buscamos essa prática transformadora, “tudo junto e misturado”, dialogando e buscando novas experiências que ajudem na superação de problemas e dos grandes riscos que afetam o crescimento humano e espiritual.

POVOS INDÍGENAS/TRADICIONAIS

O desenvolvimento desenfreado e a qualquer preço, no Brasil e no mundo, vem recheado de imposições na execução de seus projetos. No Brasil, o avanço da ocupação amazônica coloca em risco a delimitação de terras indígenas e quilombolas, pois existem interesses de indústrias de extrativismo e do próprio Estado com as novas políticas energéticas. Ainda, a promoção de grandes eventos internacionais vem servindo de justificativa para promover uma série de violações contra a população, como desapropriações de comunidades tradicionais - quilombolas e indígenas - projetos que tendem a somente enriquecer empreiteiras, conglomerados de comunicação e outras grandes corporações. Queremos mudanças profundas!

Como a demarcação de terra, autonomia e reconhecimento desses povos historicamente vítimas de exclusão, extermínio e escravidão. Para isso destacamos o protagonismo assumido pelos povos indígenas, que lutam pelo reconhecimento de seus territórios e denunciam as agressões e mortes que vêm sofrendo. Esse também é nosso grito!

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

O número de mulheres violentadas cresce a cada ano: a cada 15 segundos uma mulher é vítima de violência no Brasil. Isso se dá pela grande desigualdade entre homens e mulheres. No mundo do trabalho, as mulheres que estão nos espaços de poder e decisão ainda são poucas, sem falar do salário, que embora exerçam a mesma função do homem, continua sendo 28% inferior ao deles. Grande parte das mulheres, 70% são ou já foram violentadas por homens e muitas vezes esta agressão parte do próprio companheiro.

Como desafio, temos que nos apropriar da Lei Maria da Penha. O Grito impulsiona a discussão do papel do homem e da mulher, para que possamos combater este mal pela raiz.

ESTADO E A JUVENTUDE

O Estado brasileiro obedece a uma lógica conduzida pela macroeconomia, de acordo com medidas neoliberais, tendo como foco o favorecimento do mercado. Percebe-se claramente pelas prioridades dos últimos governos com a manutenção da atual política econômica: pagamentos de juros e amortizações da dívida interna e externa, que em 2012 surrupiaram mais de 43,98% do orçamento da União em detrimento das políticas sociais; além do favorecimento no financiamento público para empresas transnacionais. O Grito convoca e reivindica que o Estado cumpra com a sua responsabilidade de garantir direitos e políticas públicas a toda a população com qualidade e prioridade, principalmente aos nossos jovens e adolescentes.

Programação
9h– Concentração ao lado da Catedral
Hino Nacional
Apresentações:
Banda Pé de Serra – MST / Batucada do Levante (Celso) / Teatro Cáritas (Carneiro-Clenan:Discurso/Revolução) / MOPS:  Prevenção de Droga / Teatro da Marcha das Mulheres: A Violência contra a Mulher / Apresentações de Jovens: Paródia da JMJ / Batucada dos Jovens Quilombolas;
10h - Ato Celebrativo e Cultural/Mística

11h – Marcha
Roteiro: Rua Santa Luzia, Rua Maruim, Av. Ivo do Prado, Av. Barão de Maruim e Praça da Bandeira;
13h – Encerramento na Praça da Bandeira
Palavra de Encerramento
Canto “Ordem e Progresso”
Juventude que ousa lutar /  Constrói o projeto popular
“Vida em primeiro lugar”