quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Encontro das Mulheres do Campo e da Cidade prepara mobilização do 8 de Março


No último sábado 22 de fevereiro, mais de 80 mulheres de movimentos sociais de moradia, juventude, trabalhadoras do campo, pescadoras e sindicatos participaram do IV Encontro de Mulheres do Campo e da Cidade em Aracaju organizado pela Marcha Mundial de Mulheres do estado de Sergipe. O encontro ocorreu no auditório do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Sergipe (SINTESE).
Fizeram parte do encontro mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Consulta Popular, do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Sergipe (SINTESE), do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU), do Movimento Mulheres Camponesas (MMC), da Casa das Domésticas, da Associação da Pesca, do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) e do DCE da UFS. Além disso, contamos com a presença da assessoria da Deputada Estadual Ana Lúcia (PT) e do Vereador Iran Barbosa (PT).

Preparação ao 8 de Março
Este espaço teve como objetivo de contribuir na formação dos diversos movimentos sociais e sindicatos que constroem a Marcha Mundial de Mulheres no estado de Sergipe, assim como preparar para as mobilizações no 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres.
O Encontro começou com uma mística de abertura e saudações às organizações presentes. Em seguida, foi realizado um debate sobre o tema Mulher na Política.
Maria Teles, Secretária de Políticas Públicas para Mulheres do Estado de Sergipe, ressaltou “a importância da luta das mulheres para garantir mais espaço na política e na criação de políticas públicas voltadas para as mulheres”. Além disso, a secretária levantou algumas ações da secretaria quanto a políticas públicas para as mulheres no enfrentamento da violência contra a mulher.

A importância do Plebiscito Popular
A militante Emanuele Suzart, da Marcha Mundial de Mulheres e da Consulta Popular, relembrou a origem da desigualdade de gênero e o processo de exclusão da mulher na esfera da política, além de cobrar do governo uma atenção maior para as pautas feministas.
Segundo Emanuele, “o processo de construção do Plebiscito Popular é uma oportunidade de reforçar as pautas das mulheres, assim como sua representação política.”
No terceiro momento foi realizada uma troca de experiência sobre os desafios propostos para as mulheres nas organizações em que fazem parte.
O encontro fomentou a necessidade de formação das mulheres, seja nos movimentos feministas, seja nos movimentos mistos. Também animou e fortaleceu as mulheres para a construção das lutas no estado de Sergipe para o ano de 2014. Com as mulheres organizadas e dispostas para a luta, damos passos importantíssimos para a construção de um Projeto Feminista e Popular!

Secretaria Operativa Estadual
Consulta Popular Sergipe

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Movimentos sociais e entidades da sociedade civil constroem Plebiscito Popular no Alto Sertão de Sergipe






O Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político foi lançado em Sergipe no dia 31 de janeiro deste ano, na capital Aracaju. A campanha a favor do plebiscito está chegando agora às cinco regiões do estado.
Nesta segunda-feira (24/02), movimentos sociais, sindicatos e entidades da sociedade civil do Alto Sertão de Sergipe se reuniram na cidade de Monte Alegre para debater a construção do Plebiscito popular na região. Participaram representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do Sindicato dos trabalhadores rurais, do Sindicato dos Servidores Públicos, do Levante Popular da Juventude, da Comissão Pastoral da Juventude rural, das Igrejas, do Conselho Municipal da Saúde de Monte Alegre, do Centro de Formação em Agropecuária Dom José Brandão de Castro.

Sistema político excludente
“As grandes mobilizações de junho de 2013 mostraram a profunda rejeição do atual sistema político pelo povo brasileiro” afirmou Damião Rodrigues, militante do MPA. De fato, 273 dos 594 parlamentares eleitos em 2010 são empresários, e 160 deles integram a bancada ruralista, que defende os interesses do agronegócio. Ao mesmo tempo, setores maioritários dentro da sociedade estão sub-representados ou sem representação dentro do Congresso. É o caso da classe trabalhadora, das mulheres, da juventude, da população negra e indígena. “O financiamento privado – e oculto – das campanhas eleitorais reforça a exclusão da classe trabalhadora. Quem paga as campanhas dos candidatos são os bancos e as grandes empresas”, disse Damião. Por isto, segundo o militante, só o financiamento público das campanhas poderá abrir espaço á participação popular nas instituições políticas.

A discussão enfatizou a necessidade de massificar a bandeira do Plebiscito, vinculando a necessidade de fazer uma Reforma Política às necessidades da população do Alto Sertão de Sergipe. De acordo com Ildo Siqueira da Silva, militante do MST e do Levante Popular da Juventude, “os movimentos tem que explicar que a Reforma Política é a mãe das reformas estruturais indispensáveis para atender às necessidades do povo. Não dá para fazer a Reforma Agrária, a Reforma tributária, melhorar o sistema público de educação e saúde, com um Congresso dominado por latifundiários, representantes dos bancos e empresários.”

Curso de Formação
Para cumprir estes objetivos, as organizações presentes montaram um comitê. Ele terá como tarefa de coordenar a campanha na região. O próximo passo será a organização, dias 11 e 12 de Abril, de um Curso de Formação que juntará 80 militantes sociais do Alto Sertão sergipano. “Depois, será a hora do trabalho de campo, do debate com a população”, afirmou Damião. O trabalho de base durará até setembro, que será o mês da organização do Plebiscito popular em todo o país.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

"É o povo organizado que vai fazer a Reforma Agrária"

  
Entrevista com Gilmar Mauro, da direção nacional do MST 

14 de fevereiro de 2014, Brasília

Quais são os grandes desafios colocados ao MST a partir deste VI. Congresso?


Gilmar Mauro - O nosso grande desafio  no próximo período é, primeiro, fortalecer a nossa organização. Nosso pé tem que estar calcado na Reforma Agrária, na luta pela terra. A partir deste pé na luta pela terra, temos que estabelecer relações com outros setores da classe trabalhadora. Três questões são fundamentais para este debate com a classe trabalhadora. Primeiro: que uso a gente quer dar ao solo, à água, aos recursos naturais em geral. Se for este uso que o capital está dando, não precisa mais de Reforma Agrária. Mas se nós quisermos outro uso, então vamos ter que fazer a Reforma Agrária. Dois: que tipo de alimentos vamos querer comer? Se for a comida produzida pelo agronegócio, também não precisamos de Reforma Agrária. Mas esta produção está  envenenando o povo com agrotóxicos, envenenando o solo, a água e os recursos naturais. Terceiro: que tipo de paradigma tecnológico e de produção queremos? Nós queremos uma tecnologia que seja a serviço da diminuição do ritmo de trabalho, que ajude a aumentar a renda dos camponeses, mas também que seja utilizada para produzir alimentos saudáveis, que não impactem o meio ambiente. Então, se queremos outro uso da terra, dos recursos naturais, outro tipo de comida e outro uso da tecnologia, a Reforma Agrária é a coisa mais moderna a ser feita. E, por isto, vamos ter que lutar com toda a sociedade, e não o MST só.

Como fortalecer o MST enquanto organização?

Temos que horizontalizar o MST, estimular a participação das mulheres, combater qualquer tipo de discriminação e violência contra as companheiras, contra as crianças: não podemos admitir este tipo de violência no nosso meio. Temos também que estimular a participação da juventude, a participação da terceira idade, que hoje tem mais condições de participar, a nos ajudar na frente de massa, na produção, no setor de saúde, na educação, etc. O MST é um movimento popular, portanto tem espaço para todo mundo. Nenhum dirigente pode impedir que o povo participe. Ao contrário: tem que estimular a participação. Quanto mais militantes participando, mais trabalho realizado. Isto, inclusive, poderá diminuir o trabalho para o dirigente. Porque é a classe que é o sujeito, que vai fazer a luta, que vai fazer a Reforma Agrária. Nós não vamos fazer a Reforma Agrária pelo povo. É o povo organizado que vai fazer a Reforma Agrária. Isto é o grande desafio. Vamos horizontalizar,  criar espaços de formação para a nossa militância, inovar permanentemente. Principalmente, vamos fazer muita luta. Porque é na luta que o trabalhador e a trabalhadora se transformam no protagonista da sua história. É na luta que a gente se forma, é na luta que a gente conquista aquilo que nós precisamos, para o nosso povo e a classe trabalhadora.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"Este Congresso será um marco na história do nosso movimento"



Entrevista com João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST

13 de fevereiro, Brasília


Qual é sua avaliação deste VI. Congresso do MST?

João Paulo Rodrigues - Este Congresso é um momento muito especial para o nosso movimento, por três grandes motivos: primeiro, é a oportunidade de celebrar os nosso trinta anos. Não é todo dia que um movimento social tem a possibilidade de chegar aos trinta anos, e com o vigor do MST. É muito fácil ver partidos políticos ou entidades sindicais completar décadas e décadas de existência, mas os movimentos sociais tem uma tendência a se fragilizar no decorrer da sua história. Segundo elemento: nesta conjuntura muito difícil que as esquerdas brasileiras estão vivendo, o MST conseguiu, como todas as limitações, a juntar 15.000 companheiros e companheiras, com aliados de vários países, para fazer um encontro de confraternização e celebração dos nossos trinta anos mas, acima de tudo isto, um encontro de debate de ideias com toda a militância, fruto de um processo congressual que durou mais de dois anos. Ao mesmo tempo, trouxemos as mais diferentes opiniões públicas da intelectualidade por nosso encontro: o MST trouxe opiniões de vários intelectuais, trouxe ao longo da semana vários partidos políticos e aliados, sem esquecer de colocar a nossa posição, os nossos projetos, e ouvir as posições críticas da nossa base. Por isto, o nosso encontro está tendo uma riqueza muito grande. Além disto, o Congresso é também a possibilidade de nos fazermos luta. Conseguimos fazer uma linda Marcha, com mais de 15.000 pessoas nas ruas de Brasília, dar o recado contra a embaixada americana, fazer lutas contra o Supremo Tribunal Federal, fazer luta no Palácio do Planalto e, acima de tudo, arrancar uma audiência da presidente Dilma. Há três anos que o nosso movimento estava tentando obter uma audiência da presidente, e não estava conseguindo. Por conseguir atingir estes objetivos, eu acho que este Congresso será um marco na história do nosso movimento.


Quais são os desafios do movimento no próximo período?

As lições que ficam deste Congresso  são várias. Primeiro, é importante que o MST mantenha uma organicidade funcional: manter uma estrutura organizativa dentro dos assentamentos e acampamentos, nas cooperativas, na produção. Segunda lição que vai ficar deste Congresso: a grandiosidade do MST não está nos números, mas na capacidade do MST viver um processo de luta permanente. Mesmo as famílias que já estão assentadas há anos, vem aqui com sua mochila, seu quite militante, vivendo nas condições mais adversas, porque tem claro que estão também num processo de luta. E, por fim, e o mais importante, o Congresso vai deixou clara a possibilidade de construir uma unidade com outros movimentos. Aqui está da militância do PSTU até militantes do PSB. Aqui vai passar governadores, dirigentes sindicais, e uma série de companheiros que vieram de outros países -  a delegação internacional está muito grande. O MST chegou aqui como fruto desta solidariedade, à nível internacional, que nos deu esta possibilidade de construir uma organização do tamanho da nossa, que tem um comando político descentralizado, onde os estados tem autonomia para construir, e onde os assentamentos e acampamentos tem unidade na construção da linha política. 
 
Agora, para frente, o desafio é: lutar, e a grande tarefa: Construir a Reforma Agrária Popular!



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

6° Congresso Nacional do MST: Sergipe, presente!


Uma delegação com mais de 500 militantes do MST- Sergipe está participando, desde segunda-feira (10/02), do VI Congresso nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. O Congresso está reunindo 15 mil militantes do MST de 10 a 14 de fevereiro em Brasilia. 

Os militantes do MST-Sergipe, oriundos das cinco regiões do estado, estão participando dos debates sobre os rumos da luta pela terra no Brasil. Nesta terça-feira (11/02), João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, reafirmou durante a plenária a necessidade de uma Reforma Agrária Popular como contraponto ao atual período de invasão de capital na agricultura brasileira, que está inviabilizando a realização de uma Reforma Agrária clássica. Segundo Stédile, esta Reforma Agrária Popular deve basear-se na conquista da terra pelos trabalhadores rurais, mas exige também a implementação de uma matriz de produção agroecológica, o desenvolvimento de agroindústrias sob controle dos trabalhadores, assim como avanços sociais fundamentais, como acesso à saúde e educação, dentro dos assentamentos.

"O atual momento exige um salto de qualidade por parte do nosso movimento" ressaltou Gileno Damascena, integrante da direção do MST em Sergipe. "Temos que organizar os nossos territórios para produzir vida e alimentos, conquistando assim o 80% da população brasileira que mora hoje na cidade."


Na tenda da Reforma Agrária, o MST-Sergipe expõe uma amostra da produção dos seus assentamentos: artesanato típico da região e uma grande variedade de frutos, tais como jaca, abacaxi, melancia, água de coco, bolos produzidos no local pelos moradores do assentamento Caraíbas. 

A delegação montou até uma casa de farinha na área de exposição dos produtos regionais.


Os 500 militantes vão participar dos debates e das mobilizações durante todo o Congresso. O lema da delegação: "Sergipe, presente nas lutas populares, ontem, hoje e sempre!"




quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

6º Congresso do MST quer recolocar a luta pela terra na agenda do país

Por Najla Passos
Da Carta Maior

O Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST) se prepara para realizar seu 6º Congresso, de 10 a 14/2, em Brasília, com um horizonte de desafios tão grande quanto os que marcaram sua fundação, há 30 anos. Naquela época, a prioridade era organizar, na luta pela reforma agrária e pelo fim do latifúndio improdutivo, a grande massa de trabalhadores pobres, recém-expulsa do campo pelas políticas ditas modernizadoras da ditadura.  Hoje, é requalificar a luta histórica pela terra em um país no qual a combinação da mais oferta de emprego na cidade e políticas sociais se sobrepôs à reforma agrária como opção política para combater a pobreza, condenando esta última à invisibilidade.

 “A questão luta pela terra hoje está fora da pauta da sociedade e do governo. Está cooptada por muitos intelectuais que acham que a reforma agrária e a luta pela terra não existe mais. Portanto, a luta pela terra está despolitizada. Ela tem acontecido, seja a luta dos indígenas, dos quilombolas, dos pescadores, a nossa luta. Mas está escondida, abafada”, afirma Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.

De acordo com ele, apesar do MST ter garantido assentamento a 350 mil famílias nestes 30 anos, a necessidade da reforma agrária continua atual, porque a alta concentração fundiária no campo brasileiro não se alterou e, mais grave, o capital internacional domina uma área cada vez maior, ameaçando áreas indígenas e quilombolas. Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) apontam que há, no país, 186 mil famílias acampadas aguardando assentamento, cerca de 100 mil delas pertencentes aos quadros do MST.

O dirigente reconhece que o volume de ocupações diminuiu, mas atribui o fenômeno menos a desarticulação do movimento do que as pressões da conjuntura. “As famílias vão ficar esperando mais 10 anos para serem assentadas ou vão buscar trabalho nas obras do PAC?”, questiona. E atesta que o MST vem mantendo a mobilização no campo, embora elas não encontrem eco na sociedade. “No abril vermelho do ano passado, foram 95 trancamentos de rodovias, por mais de 20 minutos. Nós quase paramos o Brasil, mas isso não virou notícia. A luta do MST não é mais notícia”, denuncia.

De acordo com ele, colabora especialmente para esta “invisibilidade” da luta pela terra o papel desempenhado pela mídia convencional no que ele chama de aliança do agronegócio. “É um movimento muitíssimo articulado. A composição da aliança do agronegócio é formada por transnacionais, com o dinheiro da financeirização, pelo latifúndio no Brasil abrindo espaço, pelo Congresso Nacional, onde a bancada ruralista possui mais de 200 representantes e o MST apenas dois deputados, pelo Judiciário, no qual adormecem processos referentes à desapropriação de 200 mil hectares de terra, e por essa mídia, com as bênçãos do governo federal”, afirma.

As críticas ao governo Dilma

Na avaliação do movimento, a inoperância do atual governo é crucial para o impasse vivido pela reforma agrária. No último ano do governo Lula, 55 mil famílias foram assentadas no país. No governo Dilma, os dados oficiais apontam 21 mil em 2011, 22 mil em 2010 e 30 mil no ano passado. Mas o MST contesta os números de 2013. Segundo o movimento, foram apenas sete mil novos assentamentos: o restante foi regularização fundiária de áreas da Amazônia e realocação de novas famílias em lotes vagos.  “A reforma agrária vive hoje, no governo Dilma, seu pior momento. São resultados muito inferiores aos do governo Lula, o que mais assentou famílias, e mesmo aos do governo Fernando Henrique Cardoso, o que mais destinou áreas à reforma agrária”, comparou o dirigente.

As críticas atingem também às políticas públicas para o campo. A qualificação dos assentamentos prometida pela presidenta, na avaliação do MST, não se concretiza.
“Há assentamentos criados por FHC que ainda não tem casa ou energia elétrica”, denuncia Conceição. O dirigente observa ainda que, enquanto crescem os subsídios para as multinacionais e o perdão das dívidas dos grandes latifundiários, os recursos para a reforma agrária são cada vez mais burocratizados e difíceis de serem acessados.

A maior ameaça, porém, é o que o movimento classifica de “privatização da reforma agrária”: a titularização definitiva de famílias assentadas, que transfere as terras públicas às mãos privadas, respaldada pelo governo Dilma no final de 2013.

“Em toda a sua história, entre projetos de colonização e reforma agrária, o Incra regularizou cerca de 10% de toda a terra do país. E, com a titularização, toda esta terra pode voltar ao mercado”, explica ele. Para o MST, a terra destinada à reforma agrária deve ser uma concessão de uso real, entregue às famílias para usufruto e passadas de geração a geração, mas jamais privatizadas.

Expectativas e novas estratégias


As expectativas para o Congresso do MST são tão grandiosas quanto é possível esperar do maior movimento de massas do país: 15 mil delegados de 23 estados, de 700 a 1000 crianças sem-terrinha, 250 convidados internacionais. Na grade da programação, discussões internas se misturam a palestras de lideranças do MST, intelectuais, sempre com a participação de representantes de outros movimentos sociais, centrais sindicais, partidos políticos, organizações da sociedade civil.

Uma feira de produtos orgânicos e agroecológicos, que será instalada no local do evento, o ginásio Nilson Nelson, pretende mostrar à sociedade os benefícios de uma reforma agrária popular e bem conduzida. Também estão programados atos públicos, marchas e manifestações para o período. “Nosso congresso tem caráter massivo, já que esperamos reunir mais de 17 mil pessoas, de estudo, porque vamos aprofundar o debate político, e de luta, que é a natureza do MST”, resume.

A palavra de ordem já foi definida: “Lutar e construir uma reforma agrária popular”. Uma mudança de rumo significativa em relação à do último congresso, realizado em 2007, que defendia “Reforma agrária para justiça social e soberania alimentar”.
Segundo Conceição, a grande aposta é redefinir as novas bases da luta pela terra, a partir de uma aliança unitária com outros movimentos camponeses, além de indígenas, quilombolas, pescadores, extrativistas.

“Nós queremos recuperar aquilo que aconteceu em 1962, no 1º Congresso de Lavradores, em Belo Horizonte, onde foram tiradas as bases da reforma agrária, das reformas de bases que o presidente Jango [João Goulart], logo em seguida, foi ao Rio de Janeiro anunciar, mas foi impedido de realiza-las pelo golpe que deu início à ditadura”, explica ele.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Movimentos realizam lançamento do Plebiscito Popular em Sergipe




Na tarde dessa sexta-feira, 31 de janeiro, 150 integrantes de movimentos sociais, movimentos populares, sindicatos e Igrejas lançou em Sergipe o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. O lançamento ocorreu no auditório do Sindicato dos Bancários.


Fizeram parte da mesa de abertura representantes da Caritas, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Coletivo Quilombo, Conselho Nacional de Leigos (Conal), Consulta Popular, Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT), Levante Popular da Juventude, Marcha Mundial das Mulheres, Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Movimento dos Pequenos Agricultores, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU), Movimento Sem Casa (MSC), União Estadual dos Estudantes de Sergipe, União Nacional dos Estudantes, além do Deputado Estadual João Daniel (PT), da Deputada Estadual Ana Lúcia (PT), do Vereador Iran Barbosa (PT) e de Sergio Morais, Defensor Público e presidente da ADPESE (Associação de Defensores Públicos de Sergipe).


Todos esses representantes firmaram o compromisso em construir o Plebiscito Popular no estado de Sergipe, compreendendo a Reforma Política como uma pauta unificadora das lutas. Segundo eles, o Plebiscito deve tornar-se um grande momento de retomada do trabalho de base e de educação de massas.


Num segundo momento, o companheiro Leidiano Farias da Consulta Popular do Ceará reafirmou a importância da luta pelo Plebiscito Popular. O militante relembrou um pouco da história do Brasil e de outros países da América Latina que deram passos importantes na construção da democracia direta após uma Constituinte, como a Venezuela, Bolívia e Equador.


Segundo Leidiano, a nova classe trabalhadora que foi às ruas em junho de 2013 trouxe demandas que o atual sistema político, com seu perfil extremamente conservador, não consegue dar conta. Ainda existem muitas heranças da ditadura militar, como a polícia militarizada, a dívida pública, o sistema político, os oligopólios da mídia e as ausência de reformas estruturais.


O ato, além de abrir um novo horizonte de lutas no estado de Sergipe para o ano de 2014, deu início a um processo massivo de educação de massas. A juventude poderá fazer parte de um grande processo de retomada de trabalho de base para uma luta concreta e de extrema importância para a sociedade. Os movimentos sociais e os sindicatos ganham um novo combustível para seguir firme na luta. A esquerda se reoxigena como um todo, pois conforme diz na música “da unidade vai nascer a novidade”. Com o povo como protagonista dessa luta, damos passos importantíssimos para a construção de um Projeto Popular para o Brasil!

TODO PODER EMANA DO POVO!
PÁTRIA LIVRE,
VENCEREMOS!
Secretaria operativa estadual do Plebiscito