Artigo publicado no Correio de
Sergipe, 18 de novembro de 2012
Pequenos produtores rurais do município de
Estância comemoram os bons resultados alcançados com o plantio de produtos
orgânicos. Nos assentamentos Rosa Luxemburgo e Paulo Freire, um grupo de
famílias encontrou na atividade uma forma de garantir o próprio sustento e até
mesmo obter uma renda extra com a comercialização dos produtos.
Os agricultores recebm apoio do Programa de
Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (País), uma iniciativa
desenvolvida pelo Sebrae, Fundação Banco do Brasil e Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social na região. Além de oferecer uma nova
alternativa de trabalho e renda para a agricultura familiar, o projeto busca
garantir o respeito ao meio ambiente e aos hábitos e costumes da população,
sempre utilizando técnicas que já são conhecidas no meio rural.
A ideia é produzir alimentos sem o uso de
qualquer tipo de agrotóxicos, aliando a criação de animais à produção vegetal, preservando
a qualidade do solo e das fontes de água e incentivando o associativismo. O
projeto começou a ser desenvolvido na região em dezembro de 2011 e já beneficia
15 famílias oriundas do Movimento dos Sem Terra (MST).
Entre os beneficiados no Rosa Luxemburgo está o
agricultor José Valter de Jesus. Antes de conhecer as técnicas de produção
orgânica, ele cultivava mandioca em sua propriedade e não estava satisfeito com
os resultados alcançados. “Na maioria das vezes eu só tinha prejuízo com as
plantações e não conseguia nem cobrir os gastos. Para conseguir ter uma renda
eu precisava trabalhar como diarista em outras hortas na cidade.”
Depois de receber as informações e os
equipamentos necessários para o plantio, José Valter se dedicou ao trabalho e
hoje comemora os resultados. “Tenho uma produção de hortaliças bem
diversificada e que garante a alimentação de toda a família. Ainda consigo
vender boa parte da produção nas feiras livres e à Conab (Companhia Nacional de
Abastecimento) para ser utilizada na merenda escolar. Hoje sou meu próprio
patrão”, destaca Valter.
O modelo para o cultivo dos alimentos consiste
na presença de um galinheiro central e três círculos de hortas em uma área de
cinco mil metros quadrados. No local, também é instalada uma caixa d’água para
garantir a irrigação do terreno através da técnica de gotejamento, em que a
água é vagarosamente fornecida a uma área específica, próxima às raízes da
planta.
A escolha das espécies a serem plantadas leva
em conta as condições de produção e comercialização. A presença do galinheiro
garante a integração dos animais com o cultivo das hortaliças, facilitando a
utilização dos estercos das aves para enriquecer o solo e o uso das sobras dos
plantios para alimentar os animais. Todo o processo de montagemm da estrutura é
acompanhado por técnicos do projeto e voluntários do MST.
Ao lado da propriedade de José Valter, o
agricultor José Ribeiro dos Santos também comemora os bons resultados obtidos
com a agricultura orgânica e já traça estratégias para alcançar novos mercados.
“Estamos nos organizando para comprar um veículo e vender os produtos em feiras
livres de outros municípios. A nossa meta é conseguir comercializar em Salvador”,
destaca.
O cultivo de produtos orgânicos o agradou tanto
que a horta está sendo expandida para outras áreas da propriedade. “Agora toda
a família está empolgada com esse trabalho”, ressalta Ribeiro.
No Assentamento Paulo Freire, seis famílias são
beneficiadas com o projeto País. Lá, os produtores se dedicam à produção de
hortaliças e frutas com o auxílio dos técnicos. Para auxiliá-los no processo
foram promovidas inúmeras capacitações sobre o modelo agroecológico, manejo dos
produtos, cuidados com a plantação e associativismo.
“Hoje conseguimos elevar consideravelmente a
produtividade e como consequência isso proporcionou um aumento de renda para
todas as famílias envolvidas com a proposta. Estamos bastante satisfeitos com
os resultados alcançados”, comemora José Agnaldo da Silva, produtor rural e
presidente do Grupo de Cooperação Agrícola Paulo Freire II.
De acordo com a analista do Sebrae Sergipe e
coordenadora do projeto País, Adriana Cunha Vaz, 300 pequenos agricultores de
17 municípios foram contemplados com a proposta.
“A técnica tem permitido que muitas famílias
aumentem sua renda por meio de um modelo autossustentável. Essa é nossa grande
conquista.”
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