Na manhã de terça (26/3), policiais militares da Ronda Tática
Metropolitana (ROTAM), Tropa de Choque, Comando de Operações Especiais
(COE), Corpo de Bonbeiros e Perícia Criminalista da Polícia Civil
realizaram ação de despejo no Acampamento do MST na Fazenda Dom Bosco,
no município de Igarapé-Açú.
68 Famílias ocupavam a Fazenda há cerca de 45 dias, reivindicando a
criação de um assentamento de Reforma Agrária, haja visto que a área é
uma antiga colônia estadual que foi reconcentrada de forma ilegal,
segundo relato do Presidente do Instituto de Terras do Pará (ITERPA).
A ação foi marcada pela violência policial, com casos de uso
abusivo de força, retirada violenta de equipamento do fotógrafo que
registrava em nome das entidades de defesa dos direitos humanos, a
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e Comissão
Pastoral da Terra (CPT). A operação foi comandada pelo Tenente Coronel
Rosinaldo da ROTAM, que era também o mais exaltado e quem agredia os
camponeses e membros das entidades com intimidações, xingamentos e
ameaças.
O fato mais absurdo foi a invasão da propriedade legitimada através
de um mandado feito às pressas pelo Juiz da Comarca de Igarapé-açú
Maurício Ponte Ferreira de Souza, ordenando a invasão e destruição de
estruturas de barracos de alimentação e estruturas como fogões de barro,
assentos e mesas de refeição da família de dona Maria de Lurdes Cardoso
da Silva em um lote de sua propriedade fora da área em disputa.
Uma ação jamais vista em toda a história de brutalidade da luta
pela terra no Estado do Pará, ainda mais se contarmos que a destruição
de sua propriedade foi realizada pelos funcionários dos fazendeiros que
grilaram a propriedade pública, demonstrando haver um forte e poderoso
conluio entre o poder judiciário local, polícias civis e militar e
fazendeiros da região.
Os Movimentos Sociais e de Defesa dos Direitos Humanos irão
apresentar uma representação contra o Juiz da Comarca de Igarapé-açú por
suas atitudes arbitrárias e autoritárias, além de denúncias contra as
policias envolvidas na ação pela violência e desrespeito aos direitos
dos cidadãos que foram duramente violados. Ações desta natureza devem
fazer parte de um passado que temos que nos envergonhar e que projetaram
o Estado do Pará ao topo do ranking das violações dos direitos humanos.
27 de março de 2013, Antônio Carlos Luz, da Página do MST
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