quinta-feira, 6 de junho de 2013

João Pedro Stédile ministra aula inaugural do curso de especialização em Residência Agrária na Universidade Federal de Sergipe

Mais de 200 pessoas presenciaram ontem, dia 5 de junho, a aula inaugural do curso de pós-graduação "Residência Agrária – Agroecologia, Questão Agrária, Agroindústria e Cooperativismo", na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
“A existência desse curso é mais uma vitória na luta do MST pela educação. Esta luta permitiu que os trabalhadores rurais estivessem, hoje, dentro da Universidade", salientou Rita Fagundes, Professora na UFS e coordenadora do curso.
João Pedro Stédile, dirigente nacional do MST, ministrou a aula com a Professora Alexandrina Luz Conceição.
Educação libertadora
Na sua intervenção, Stédile salientou que os trabalhadores rurais precisam ter terra, não para explorar a natureza e outros seres humanos, mas para poder se realizar como cidadãos. "A nossa missão é produzir alimentos sadios pela população. Esta missão é complexa, porque os capitalistas querem produzir mercadorias para ter lucro. Por isto, hoje só querem produzir soja e etanol. Ao contrário, nós lutamos para outro modelo de agricultura, que responda às necessidades da população brasileira."
"Não é suficiente produzir alimentos sadios pela sociedade", completou o dirigente do MST. "Só o conhecimento liberta verdadeiramente as pessoas. Por isto, o MST luta também pela educação. Como nos ensinou Paulo Freire, esta educação deve ser um diálogo entre a universidade e a realidade social."
Durante a segunda parte da aula, João Pedro Stédile propôs um percorrido da questão da reforma agrária no Brasil, desde o período colonial, dominado pelo capitalismo mercantil europeu que impôs a produção em grandes extensões de terras e o trabalho escravo, até o novo modelo do agronegócio, aliança entre latifundiários, empresas transnacionais e capital financeiro. Segundo o dirigente do MST, a consolidação do agronegócio derrotou os modelos de reforma agrária clássica, propostos pelos movimentos sociais. Essa nova conjuntura coloca, para estes movimentos, a necessidade de estudar e debater sobre o tipo de reforma agrária que a sociedade brasileira precisa hoje.
Um curso para mudar a realidade
E dentro deste contexto que será realizado o curso de especialização "Residência Agrária – Agroecologia, Questão Agrária, Agroindústria e Cooperativismo". Oferecido pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), o curso disponibilizou 50 vagas, destinadas prioritariamente a assentados e assentadas da Reforma Agrária. Todos os estudantes serão também bolsistas.
A especialização foi projetada após conversas entre professores da universidade e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). "Trata-se de um curso transdisciplinar, que tem o objetivo de garantir um espaço de reflexão e pesquisa, mas também de mudar a nossa realidade”, afirmou Antonio Pereira, coordenador do curso.
O curso terá duração de 24 meses e será ministrado por professores da UFS. Ele usará a pedagogia da alternância entre tempo escola e tempo comunidade, com módulos de vivência em assentamentos.

Coletivo de comunicação do MST-Sergipe, 6 de junho de 2013
 
 

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