Mais de 200 pessoas presenciaram ontem, dia 5 de
junho, a aula inaugural do curso de pós-graduação "Residência Agrária –
Agroecologia, Questão Agrária, Agroindústria e Cooperativismo", na
Universidade Federal de Sergipe (UFS).
“A existência desse curso é mais uma vitória na
luta do MST pela educação. Esta luta permitiu que os trabalhadores rurais estivessem,
hoje, dentro da Universidade", salientou Rita Fagundes, Professora na UFS
e coordenadora do curso.
João Pedro Stédile, dirigente nacional do MST,
ministrou a aula com a Professora Alexandrina Luz Conceição.
Educação
libertadora
Na sua intervenção, Stédile salientou que os
trabalhadores rurais precisam ter terra, não para explorar a natureza e outros
seres humanos, mas para poder se realizar como cidadãos. "A nossa missão é
produzir alimentos sadios pela população. Esta missão é complexa, porque os
capitalistas querem produzir mercadorias para ter lucro. Por isto, hoje só
querem produzir soja e etanol. Ao contrário, nós lutamos para outro modelo de
agricultura, que responda às necessidades da população brasileira."
"Não é suficiente produzir alimentos sadios
pela sociedade", completou o dirigente do MST. "Só o conhecimento
liberta verdadeiramente as pessoas. Por isto, o MST luta também pela educação. Como
nos ensinou Paulo Freire, esta educação deve ser um diálogo entre a universidade
e a realidade social."
Durante a segunda parte da aula, João Pedro Stédile
propôs um percorrido da questão da reforma agrária no Brasil, desde o período
colonial, dominado pelo capitalismo mercantil europeu que impôs a produção em
grandes extensões de terras e o trabalho escravo, até o novo modelo do
agronegócio, aliança entre latifundiários, empresas transnacionais e capital
financeiro. Segundo o dirigente do MST, a consolidação do agronegócio derrotou os
modelos de reforma agrária clássica, propostos pelos movimentos sociais. Essa
nova conjuntura coloca, para estes movimentos, a necessidade de estudar e
debater sobre o tipo de reforma agrária que a sociedade brasileira precisa
hoje.
Um curso
para mudar a realidade
E dentro deste contexto que será realizado o
curso de especialização "Residência Agrária – Agroecologia, Questão
Agrária, Agroindústria e Cooperativismo". Oferecido pela Universidade
Federal de Sergipe (UFS), o curso disponibilizou 50 vagas, destinadas
prioritariamente a assentados e assentadas da Reforma Agrária. Todos os
estudantes serão também bolsistas.
A especialização foi projetada após conversas
entre professores da universidade e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST). "Trata-se de um curso transdisciplinar, que tem o objetivo de
garantir um espaço de reflexão e pesquisa, mas também de mudar a nossa
realidade”, afirmou Antonio Pereira, coordenador do curso.
O curso terá duração de 24 meses e será ministrado
por professores da UFS. Ele usará a pedagogia da alternância entre tempo escola
e tempo comunidade, com módulos de vivência em assentamentos.
Coletivo de comunicação do
MST-Sergipe, 6 de junho de 2013
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