Na próxima segunda-feira, dia 12 de novembro, terá início o primeiro módulo (de três semanas) do curso em Gestão de Agroindústrias, do MST-Sergipe, que acontecerá no Centro de Formação Canudos, situado no assentamento Moacir Wanderley (povoado Quissamã). O objetivo do Curso é fortalecer o Setor de Produção do MST-Sergipe através do conhecimento acerca dos aspectos básicos de uma economia popular, vinculado à realidade social do MST no estado.
O curso em Gestão de Agroindústrias é fruto de uma
parceria entre o MST e a fundação Mundukide-Lanki, uma entidade que nasceu
dentro da experiência cooperativa da Mondragon, no País Basco (Europa), com a
missão de compartilhar esta experiência com outros povos e movimentos sociais.
Segundo Aritz Kanpandegi, membro do Movimento Cooperativo da Mondragon e
integrante da coordenação do programa MST-Mundukide em Sergipe, o intuito é de
trazer elementos de discussão e metodologias de atuação para ajudar a melhorar
o funcionamento das cooperativas do MST, vistas como ferramentas para uma
transformação social. Nessa perspectiva, a participação da juventude dos
assentamentos no curso é fundamental.
Confira a entrevista.
Qual é
o objetivo do curso em gestão de agroindústrias do MST-Sergipe?
Aritz
Kanpandegi – O objetivo principal do curso é capacitar novos
quadros gestores para as atividades econômico-produtivas do MST em Sergipe.
Nesta perspectiva, achamos de suma importância a participação da juventude dos
assentamentos: além das pessoas que hoje já estão à frente das atividades de
produção do MST, filhas e filhos de assentados vão participar do curso,
conquistando assim espaços dentro da organicidade do movimento.
Na sua parte social, o curso buscará criar espaços de
discussão coletiva entre a direção das regionais e a juventude dos
assentamentos. Na parte mais técnica, o foco será a gestão das atividades:
aprender a mexer com os números e avaliar quais são as condições necessárias
para que uma atividade econômica seja viável. Na parte final do curso, os
participantes vão criar, eles mesmos, os planos de viabilidade das atividades
econômicas.
O curso está construído coletivamente pelo Setor de
Produção do MST – Sergipe, a fundação Mundukide e o instituto Lanki. Ele está
organizado segundo os princípios pedagógicos do MST, procurando a
complementaridade entre o Tempo Escola e o Tempo Comunidade. Temos previsto
dois tempos escola de três semanas cada um (novembro 2012 e março 2013), e dois
tempos comunidade que vão até maio do próximo ano.
Esse
curso faz parte de um projeto mais amplo visando desenvolver cooperativas nos
assentamentos da reforma agrária. Quais são as vantagens deste tipo de
organização?
O curso é uma atividade da parceria
MST-Mundukide-Lanki, que começou em 2007, no Estado do Paraná (ainda em
andamento) e que foi ampliada para Sergipe em 2010. Mundukide e Lanki são duas
entidades do Movimento Cooperativo da Mondragon, criado nos anos 1950 no País
Basco (Europa). Destes anos de organização cooperativa, podemos tirar vários
aprendizados: a importância da soberania das pessoas dentro das organizações
cooperativas, acreditando na autogestão; a necessidade de garantir internamente
uma gestão democrática das nossas cooperativas; os esforços orientados para a
continuidade e sustentabilidade das cooperativas; a importância da retaguarda
econômica para a sustentabilidade dos movimentos sociais, interpretando as
cooperativas como ferramentas para uma transformação social; a criação de um
sistema intercooperativo, baseado na não-concorrência entre as cooperativas; a
certeza que as pessoas associadas são os elementos mais importantes de uma
cooperativa.
O objetivo da parceria MST-Mundukide-Lanki não é
transferir o modelo da Mondragon para o MST, mas trazer alguns elementos de
discussão (e algumas metodologias de atuação), que possam contribuir para
melhorar o funcionamento das cooperativas.
Na
região do Alto Sertão sergipano, o MST e a fundação Mundukide estão realizando
uma parceria desde o ano passado. Quais são os objetivos dessa parceria?
O objetivo principal da parceria é aumentar as
capacidades para a gestão das cooperativas e associações do MST no Alto Sertão.
Neste objetivo, atuamos em cada área do tripé produtivo do Setor de Produção:
organização cooperativa, produção organizada e planejada, assistência técnica.
Como eixos transversais temos a mudança da matriz produtiva baseada na
agroecologia e a luta contra as desigualdades de gênero.
Além de trabalhar os aspectos produtivos e
organizativos das cooperativas, a parceria tem um eixo pedagógico importante,
com cursos específicos, assessorias técnicas e trocas de experiências (entre produtores,
cooperativas, organizações...).
O desafio é grande, mas acredito que a Reforma Agrária
vai continuar firme, passo a passo, com o trabalho e a luta de centenas de
milhares de familias.
Ke guay Aritz! Merito handia duzue, batez ere, krisialdi honetan, denok gure partikerari begiratzen diogunean, zuek, gu baino askoz gaizkigo daudenei laguntzen ahalegintzen zarete zuen bizi zati bat bertan lagatzen.
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