quinta-feira, 28 de março de 2013

Polícia do Pará faz despejo truculento de acampamento do MST em Igarapé-Açú

Na manhã de terça (26/3), policiais militares da Ronda Tática Metropolitana (ROTAM), Tropa de Choque, Comando de Operações Especiais (COE), Corpo de Bonbeiros e Perícia Criminalista da Polícia Civil realizaram ação de despejo no Acampamento do MST na Fazenda Dom Bosco, no município de Igarapé-Açú. 

68 Famílias ocupavam a Fazenda há cerca de 45 dias, reivindicando a criação de um assentamento de Reforma Agrária, haja visto que a área é uma antiga colônia estadual que foi reconcentrada de forma ilegal, segundo relato do Presidente do Instituto de Terras do Pará (ITERPA).

A ação foi marcada pela violência policial, com casos de uso abusivo de força, retirada violenta de equipamento do fotógrafo que registrava em nome das entidades de defesa dos direitos humanos, a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e Comissão Pastoral da Terra (CPT). A operação foi comandada pelo Tenente Coronel Rosinaldo da ROTAM, que era também o mais exaltado e quem agredia os camponeses e membros das entidades com intimidações, xingamentos e ameaças.

O fato mais absurdo foi a invasão da propriedade legitimada através de um mandado feito às pressas pelo Juiz da Comarca de Igarapé-açú Maurício Ponte Ferreira de Souza, ordenando a invasão e destruição de estruturas de barracos de alimentação e estruturas como fogões de barro, assentos e mesas de refeição da família de dona Maria de Lurdes Cardoso da Silva em um lote de sua propriedade fora da área em disputa.

Uma ação jamais vista em toda a história de brutalidade da luta pela terra no Estado do Pará, ainda mais se contarmos que a destruição de sua propriedade foi realizada pelos funcionários dos fazendeiros que grilaram a propriedade pública, demonstrando haver um forte e poderoso conluio entre o poder judiciário local, polícias civis e militar e fazendeiros da região.

Os Movimentos Sociais e de Defesa dos Direitos Humanos irão apresentar uma representação contra o Juiz da Comarca de Igarapé-açú por suas atitudes arbitrárias e autoritárias, além de denúncias contra as policias envolvidas na ação pela violência e desrespeito aos direitos dos cidadãos que foram duramente violados. Ações desta natureza devem fazer parte de um passado que temos que nos envergonhar e que projetaram o Estado do Pará ao topo do ranking das violações dos direitos humanos.

27 de março de 2013, Antônio Carlos Luz,  da Página do MST 

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