O acampamento Zumbi dos Palmares é um símbolo da
luta viva do Movimento Sem Terra no Estado de Sergipe. No dia 12 de março, as
223 famílias do acampamento comemoraram 16 anos da ocupação da Fazenda Tingui,
situada na região Metropolitana do Estado, entre os municípios de Malhador, Divina
Pastora e Santa Rosa.
Uma história
linda
A primeira ocupação da área foi em 1988. Um despejo
violento ocorreu dois dias depois da ocupação, acabando na prisão de vários
companheiros do MST. Uma ampla mobilização conseguiu libertá-los. A segunda
ocupação resiste até hoje. Várias foram as tentativas de reintegração de posse.
Mas a luta das famílias conseguiu derrubá-las. Estas famílias exigem o direito
de cultivar uma terra fértil, deixada improdutiva por uma poderosa família de
latifundiários locais.
Grande
solidariedade
Centenas de pessoas - militantes do MST das cinco
regiões do Estado, moradores dos municípios vizinhos, pequenos agricultores da
região, personalidades políticas - se somaram para apoiar as famílias e lembrar
uma luta exemplar. O dia começou com um delicioso café da manhã, com produtos
do próprio acampamento, seguido de um ato político de apoio à luta, com a participação
de militantes e dirigentes do MST, assim como gestores públicos. Um torneio de
futebol foi organizado durante a parte da manhã. Uma missa foi celebrada depois
do almoço, e a parte da tarde foi dedicada a um churrasco ao som de um típico
Forro pé de Serra...
Uma luta
sofrida
Para Dona Iraci dos Santos Reis, coordenadora do acampamento
Zumbi dos Palmares há 16 anos, o ato foi um momento de grande emoção. A
dirigente lembra ainda o dia da ocupação: “Entramos na fazenda com 300 famílias
e fizemos o acampamento onde nós estamos até hoje.” As famílias sofreram muitas
pressões: “Todo ano, na hora da gente produzir, quando estamos preparando tudo
para plantar, recebemos a liminar de despejo. E sempre vamos lá, com a militância
e o nosso advogado, e conseguimos suspender a liminar.” 16 anos depois, a luta ainda
não terminou: “Estamos agora em um novo período de pressão jurídica. No dia 21
de março, teremos mais uma audiência para a reintegração de posse, e estaremos
todos mobilizados.” Os acampados enfrentam também outras dificuldades: “Aqui não
tem água potável,
o que ocasiona problemas de saúde. E o fato de não ser um assentamento
reconhecido torna impossível a captação de créditos para a produção.”
Apesar disto, as famílias estão resistindo e
produzindo. “Produzimos maracujá, acerola, pimenta de cheiro, banana,
macaxeira, batata doce, hortaliças, mudas,... Não só para a auto-subsistência,
mais também para a venda nas feiras da Grande Aracaju e dos municípios vizinhos.”
Um símbolo da
luta do MST
O acampamento Zumbi dos Palmares se tornou um
símbolo da luta dos Sem Terra em Sergipe. Como ressalta Esmeraldo Leal,
dirigente estadual do MST: “A luta do acampamento é uma prioridade. Aqui são 16
anos de luta pela reforma agrária. O ato de hoje demonstra a unidade do nosso movimento:
militantes das cinco regiões do Estado vieram aqui em solidariedade à luta das
famílias.”
O superintendente do Instituto nacional pela
Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Leonardo Goes, participou do ato. Ele parabenizou a resistência
das famílias e reafirmou o compromisso da entidade em resolver a questão da
desapropriação da fazenda.
O acampamento Zumbi dos Palmares continua na luta.
Como lembrou Esmeraldo Leal: “Ninguém tomara esta terra dos trabalhadores
organizados.”
Coletivo de comunicação – MST Sergipe, 12
de março de 2013
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