quarta-feira, 26 de junho de 2013

O que esperar das ruas? “eu acredito é na rapaziada”

Por Camilo Feitosa Daniel


Foto: Fernando Correia (Cocoh)
Após mais de 20 anos sem presenciar grandes manifestações de rua, a nação brasileira presenciou uma nova geração que começou a ocupar as principais avenidas para protestar contra a ausência dos inúmeros direitos adquiridos na constituição de 1988.
As passeatas engrossaram o caldo após a repressão violenta que os militantes do Passe Livre sofreram da PM de São Paulo. Depois disso, as manifestações contra o aumento da passagem ganhou também uma adesão das pessoas que queriam saúde e educação de qualidade, além dos que queriam questionar os gastos com a copa do mundo.
No entanto, as manifestações que eram consideradas pela Imprensa televisiva como “violentas” e organizada por “vândalos”, passou a ser considerada como “o dia que o gigante acordou”. O maior absurdo de todo esse oportunismo “global”, foi a forma como a rede globo  transformou a pauta das manifestações, que deixou de ser contra o aumento da passagem e passou a ser contra a corrupção.
A rede globo passou a influenciar os gritos contra os partidos políticos e começou a inflamar o discurso patriota. O que se esperar de tudo isso?
Não obstante, vários pensadores do jornalismo brasileiro já tinham identificado no Brasil a existência de um partido que não era institucionalizado, mas que manipulava todo o discurso político nessa linda nação, tencionando para um “golpe de estado”. Eles batizaram de Partido da Imprensa Golpista (PIG), onde a rede globo é a dirigente maior.
Nesse momento, a principal questão a se colocar é: Pra onde vai essa energia? O que queremos com essa manifestação?Em primeiro lugar é preciso ponderar que essas manifestações ocorrem com novos repertórios. A sociedade civil, que era desorganizada e começou a participar desses movimentos, não querem ser guiadas por partidos ou agrupamentos políticos por compreender que haverá uma autopromoção dessas lideranças. Falo isso porque fiz parte, ainda do Movimento estudantil secundarista, de um grupo que acreditava que o movimento estudantil deveria ser independente, por isso sei bem do que se trata.
Em segundo lugar é necessário que esse povo que veio às ruas, e que veio de forma espontânea, queira cada vez mais aprofundar a democracia. Não estou falando aqui de fortalecimento das instituições, estou falando em direitos básicos, como a saúde, educação, emprego, moradia, terra, transporte e tantas outras coisas, que são destinadas para um grupo e não para toda a população.
É necessário que o povo que veio às ruas, grite pelos reais problemas da nação brasileira. É preciso sair das aparências pra compreender que o que está por trás da inflação é uma crise de produção, que existe porque o latifúndio no Brasil produz igualzinho ao período colonial, e o pior, não produz alimentos, produz ração animal pra Europa e para os EUA. Qual a solução pra esse problema?
É necessário que o povo que veio às ruas, lute também pelos que não vieram as ruas por que estão trabalhando! É necessário que lembremos que os operários da construção civil, que constrói todos os prédios, não são reconhecidos com bons salários; ou os cortadores de cana, que são explorados e vivem em semiescravidão; os agentes de limpeza que deixam nossa cidade limpa e não recebem nem hora extra; é necessário que o povo que veio às ruas, lembre-se de pedir casas populares para os que não conseguirão comprar por conta da especulação imobiliária;
É necessário que essa juventude conteste! É necessário que essa juventude se pergunte sobre o motivo da televisão em Sergipe pertencer a duas famílias e no Brasil a meia dúzia. Como solucionar isso? É necessário que essa juventude se pergunte também, sobre as empresas de transporte público em Aracaju. Será que é correto existir cartel? Pra onde vai o dinheiro das passagens? Porque os ônibus são carroças velhas e feias? Porque?
Tenho certeza que a juventude não quer ser “Maria vai com as outras”, da mesma forma que sei que essa juventude pensa no próximo, no que é excluído desse sistema e no que é explorado. Tenho certeza que essa juventude “vai em frente e segura o rojão”, sabendo o que quer e dando todas as energias pra construirmos um Brasil melhor, que vai se construir quando democratizarmos as riquezas desse Brasil com TODOS os brasileiros!

Estudante de ciências sociais da UFS
Twitter: @camilo673 facebook: http://www.facebook.com/camilo.feitosa?ref=tn_tnmn

Um comentário:

  1. Parabéns Camilo Daniel lutar e academia dialogo importante de quem nasce na base, construindo, analisando e fazendo um país diferente, um abraço grande para familia...

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