quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Feira leva Reforma Agrária à capital Aracaju



 
Aracaju está vivendo ao ritmo da Reforma Agrária: na Praça Fausto Cardoso, situada no centro da cidade, a população pode cheirar, tocar e comprovar a riqueza da produção camponesa. Debaixo de bancas cobertas de lona preta, centenas de assentados e acampados do MST apresentam a variedade dos alimentos que chegam à mesa do trabalhador brasileiro: abobras, milho, feijão, macaxeira, frutas, mel, ovos, galinhas de capoeira, geleias artesanais, doces e bolos. Todos os alimentos provêm de áreas de Reforma Agrária, e a maioria está produzida sem uso de agrotóxicos. Os assentados e acampados expõem também artesanato tradicional, xaropes e sabonetes produzidos a partir de plantas medicinais.

IV Feira da Reforma Agrária

Do 1 ao 4 de outubro, a IV Feira da Reforma Agrária do estado de Sergipe leva os frutos da luta do MST diretamente ao consumidor, propiciando um momento importante de diálogo com a sociedade. “A melhor forma de responder às pessoas que não acreditam na Reforma Agrária é trazer os nossos produtos”, afirma Esmeraldo Leal, da direção estadual do MST. “A feira mostra à sociedade que as famílias que lutaram e conquistaram a terra estão hoje produzindo alimentos que chegam à mesa do trabalhador urbano. Isto é o melhor contraponto ao discurso da grande Mídia, que criminaliza o movimento.” Em Sergipe, 13000 famílias estão hoje assentadas graças à luta do MST.

Contato direto

Para João Gomes, do assentamento Jacaré-Curituba (município de Poço Redondo, no Alto Sertão de Sergipe), além de tudo a Feira também permite o contato direto entre produtor e consumidor: “Muitas vezes, comercializamos a nossa produção através do atravessador, que paga um preço baixo ao produtor, mas cobra caro ao consumidor, prejudicando aos dois. Com a venda direta, o produtor recebe um preço justo para o seu trabalho, e o consumidor compra mais barato.”

Muitos acampados participam também da Feira, demonstrando que a produção começa desde o início do processo de luta pela terra. Militantes dos acampamentos Mario Lago e Tingui (região metropolitana do estado) trouxeram frutas, hortaliças, macaxeira, inhame, milho, patos e galinhas. “Apesar de estarmos só um acampamento, já estamos vendendo os nossos produtos, que são orgânicos. Queremos que tenham mais dessas feiras, para animar o agricultor a produzir de forma agroecológica”, afirma Marcos André de Lima, dirigente do Mario Lago.

Agroecologia

As polpas, as geléias e os biscoitos vendidos pelo assentado José Mauricio Lima são produzidos na pequena agroindústria do assentamento Roseli Nunes, situado na região Sul do estado. Para ele, a Feira ajuda o produtor rural a melhorar suas condições de vida, e permite que o trabalhador da cidade tenha acesso a alimentos saudáveis: “O veneno está matando o pessoal da cidade. Os casos de câncer estão disparando. Produzindo de forma agroecológica, podemos melhorar a saúde da população brasileira.”

Os participantes estão unanimes: a Feira é um espaço importante de divulgação da Reforma Agrária como alternativa ao modelo do agronegócio. Segundo Esmeraldo Leal, a experiência tem de ser ampliada: “A boa recepção do evento por parte da sociedade vai motivar os camponeses a organizar outras feiras nas regiões do Estado”, ressalta o dirigente.





Cultura popular

Além da produção da terra, a Feira traz muita produção cultural, animação e alegria à capital. Toda noite, a Praça Fausto Cardoso está animadíssima, com shows musicais resgatando a cultura popular brasileira. Os artistas Pedro Muñoz, Chico Queiroga, Antônio Rogério, Lupercio, Valdeless, o grupo Guerreiro subiram, entre outros, no palco da Reforma Agrária. Quinta-feira será a noite do Forró Pé de Serra.





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