quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Membros do MST ocupam lotes do Platô de Neópolis

 Acampamento Maria Lindaura, Região Norte do estado de Sergipe

Por: JornaldaCidade.Net

Cerca de 500 pessoas ocuparam ontem o Platô de Neópolis. A ação foi organizada pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) e pela Via Campesina. O objetivo foi denunciar o agronegócio. “O agronegócio tem sido complicado para o mundo. São poucas transnacionais que o dominam; ele também não ocorre de forma sustentável”, disse Gileno Damascena, coordenador estadual do MST.
Outro motivo para a intervenção é o fato de hoje ser o Dia Mundial da Alimentação. “O mundo conta com mais de 800 milhões de pessoas com fome”, disse. Ainda não foi decidido se a ação se estenderá por mais dias. Não houve resistência por parte de policiais nem de proprietários de terras.
A ocupação, segundo os organizadores, foi simbólica. A razão é o que platô representa o agrobusiness para a região Norte de Sergipe onde, segundo Damascena, terras públicas foram tiradas de pequenos e médios produtores para serem entregues aos maiores. 
 Condenação
Mas o agronegócio não seria importante para a economia do país e para a produção de alimentos em larga escala a grandes populações, como a brasileira? “O discurso é com esse argumento de que é preciso lançar mão de várias tecnologias para produzir à população mundial. Mas esse argumento foi desmanchado; se você conversar com estudiosos do agronegócio, eles falarão que não é verdade a produtividade é ampliada desse jeito”, frisou Gileno Damascena. Um argumento é de que a agricultura familiar absorveria 70% da mão de obra do campo e produziria entre 70% e 75% dos alimentos que vão à mesa do brasileiro. “Esses dados são do IBGE”, disse. 
Seria uma contradição, portanto, a disparidade entre o investimento ao pequeno e grande produtor por parte do Governo Federal. “São R$ 140 bilhões anuais para o agronegócio e R$ 30 bilhões para os pequenos agricultores. Veja a diferença de salário entre o agrônomo do Incra quanto ganha outro no MAPA [Ministério da Agricultura], o ministério dos grandes produtores; você vai ver a disparidade”. O valor de R$ 30 bilhões também não seria executado em sua integralidade. Outros problemas seriam o endividamento, a falta de assistência técnica e as disfunções da burocracia. “Há varias formas de produzir de forma sustentável, orgânica, em pequena escala, e muito mais eficiente do ponto de vista produção alimentar”.
 Audiência pública
Uma audiência pública ocorrerá hoje em Estância, na qual são esperadas entre mil e 1.500 pessoas, entre catadores mangabas, membros do MST e demais moradores de Itaporanga a Indiaroba. O objetivo é efetivar o registro da reserva extrativista; a implantação da Resex favoreceria a atuação de pescadores, catadoras de mangaba e extrativistas dos mais variados; o espaço conta também com acampamentos de reforma agrária.“Mais de mil famílias vivem nessa região com o pior IDH do Estado e tanto o governo federal quanto o estadual não fazem nada”, disse Damascena.

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