Por: JornaldaCidade.Net
Cerca de 500 pessoas ocuparam ontem o Platô de
Neópolis. A ação foi organizada pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) e
pela Via Campesina. O objetivo foi denunciar o agronegócio. “O
agronegócio tem sido complicado para o mundo. São poucas transnacionais
que o dominam; ele também não ocorre de forma sustentável”, disse Gileno
Damascena, coordenador estadual do MST.
Outro motivo para a intervenção é o fato de hoje ser o Dia Mundial da Alimentação. “O mundo conta com mais de 800 milhões de pessoas com fome”, disse. Ainda não foi decidido se a ação se estenderá por mais dias. Não houve resistência por parte de policiais nem de proprietários de terras.
Outro motivo para a intervenção é o fato de hoje ser o Dia Mundial da Alimentação. “O mundo conta com mais de 800 milhões de pessoas com fome”, disse. Ainda não foi decidido se a ação se estenderá por mais dias. Não houve resistência por parte de policiais nem de proprietários de terras.
A ocupação, segundo os organizadores, foi simbólica. A razão é o que
platô representa o agrobusiness para a região Norte de Sergipe onde,
segundo Damascena, terras públicas foram tiradas de pequenos e médios
produtores para serem entregues aos maiores.
Condenação
Mas o agronegócio não seria importante para a economia do país e para a
produção de alimentos em larga escala a grandes populações, como a
brasileira? “O discurso é com esse argumento de que é preciso lançar mão
de várias tecnologias para produzir à população mundial. Mas esse
argumento foi desmanchado; se você conversar com estudiosos do
agronegócio, eles falarão que não é verdade a produtividade é ampliada
desse jeito”, frisou Gileno Damascena. Um argumento é de que a
agricultura familiar absorveria 70% da mão de obra do campo e produziria
entre 70% e 75% dos alimentos que vão à mesa do brasileiro. “Esses
dados são do IBGE”, disse.
Seria uma contradição, portanto, a disparidade entre o investimento ao
pequeno e grande produtor por parte do Governo Federal. “São R$ 140
bilhões anuais para o agronegócio e R$ 30 bilhões para os pequenos
agricultores. Veja a diferença de salário entre o agrônomo do Incra
quanto ganha outro no MAPA [Ministério da Agricultura], o ministério dos
grandes produtores; você vai ver a disparidade”. O valor de R$ 30
bilhões também não seria executado em sua integralidade. Outros
problemas seriam o endividamento, a falta de assistência técnica e as
disfunções da burocracia. “Há varias formas de produzir de forma
sustentável, orgânica, em pequena escala, e muito mais eficiente do
ponto de vista produção alimentar”.
Audiência pública
Uma audiência pública ocorrerá hoje em Estância, na qual são esperadas
entre mil e 1.500 pessoas, entre catadores mangabas, membros do MST e
demais moradores de Itaporanga a Indiaroba. O objetivo é efetivar o
registro da reserva extrativista; a implantação da Resex favoreceria a
atuação de pescadores, catadoras de mangaba e extrativistas dos mais
variados; o espaço conta também com acampamentos de reforma agrária.“Mais de mil famílias vivem nessa região com o pior IDH do Estado e
tanto o governo federal quanto o estadual não fazem nada”, disse
Damascena.
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