quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Unidade Popular pela Reforma Política


Por João Pedro Stedile
Revista Caros Amigos número 202/2014.

Neste ano teremos eleições gerais no País. A depender do Congresso e das empresas capitalistas nada deve mudar. Eles estão muito bem, obrigado, ganhando muito dinheiro à custa do trabalho e dos impostos do povo brasileiro, que depois viram emendas, negociatas, etc.
Já o povo brasileiro tem demonstrado claramente em todas as pesquisas de opinião que quer mudar. Pode até reeleger Dilma (41% das intenções de votos), mas 66% exigem mudanças socioeconômicas e políticas no País. A juventude já tinha prenunciado essa necessidade nas mobilizações de junho e julho. Mas as "elites" incrustadas nos seus privilégios nunca serão defensores de mudanças. As mudanças sempre vieram dos de baixo, nunca dos de cima.
Porém, temos novidades no quartel de Abrantes... Há um sentimento generalizado na juventude e na classe trabalhadora de que o ano de 2014 seguirá com muitas greves, mobilizações e lutas por melhora das condições de vida. Certamente, as lutas sociais e as mobilizações de massa voltarão ainda com mais força. E torço que venham logo, antes da Copa, para não reduzir a luta por melhores condições de vida a um protesto contra as "caríssimas obras" de nossos estádios.

Até porque os 8 bilhões de reais aplicados na reforma e construção dos estádios representam apenas duas semanas de juros que o governo paga aos banqueiros. Ainda mais agora que o Banco Central, agindo com ente autônomo, resolveu aumentar a taxa de juros para 10% ao ano, para que ele mesmo pague aos banqueiros. Nos países centrais a taxa de juro real não passa de 1% ao ano!

A taxa de juro e o tal superávit primário são a principal forma de transferência de renda ao povo, via impostos recolhidos de todos, para os banqueiros. Mas sobre isto a imprensa burguesa, subalterna aos interesses de seus patrões, se cala.

Mas o que mais me anima, caros amigos e amigas, é que tenho percebido que está em curso em todo o País uma ampla frente de todas as forças populares para realizarmos em 2014 um grande mutirão de conscientização do povo e debate sobre a necessidade de uma reforma política. Esse debate se dará em todas as bases sociais, ao longo do ano: que tipo de mudanças você quer, no sistema político, nas eleições, na forma de representação, etc.?

Essa consulta culminará com plebiscito popular no dia 7 de setembro de 2014, com a aprovação ou não da convocação de uma assembleia constituinte soberana (independente do Congresso) e exclusiva para realizar a necessária reforma política.

Tenho andado pelo País afora, em dezenas de plenárias de movimentos sociais, e sinto, pela primeira vez em anos, que há uma vontade política de unir esforços e uma ampla coalizão que vai desde o movimento sindical até as pastorais sociais das igrejas para realizarmos esse grande mutirão de debate com o povo brasileiro sobre as mudanças necessárias para o País.

E somando lutas sociais por melhorias de vida imediatas com debate político pela convocação da Assembleia Constituinte, acho que poderemos ter um 2014 diferente, em que a classe trabalhadora e a juventude possam voltar a ser agentes políticos ativos das mudanças necessárias.

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