sexta-feira, 28 de março de 2014

Sergipe: Primeiro Encontro dos Amigos do MST reúne 200 pessoas em defesa da Reforma Agrária Popular



Cerca de 200 pessoas, oriundas de movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos participaram do primeiro Encontro dos Amigos do MST em Sergipe, que aconteceu nesta quinta-feira (27/03) no Centro de formação Canudos, situado no assentamento Moacir Wanderley (povoado Quissamã).


O encontro iniciou com o testemunho de Guido Michel, militante histórico do MST em Sergipe: “Cheguei ao Brasil em 1964. Hoje, aos 75 anos, continuo na luta, trabalhando no assentamento Barra da Onça, no Sertão de Sergipe. Nesta luta, é importante valorizar todas as nossas companheiras e companheiros.”


Em seguida, João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, fez o resumo, para os participantes, do conteúdo dos debates realizados com a base do MST ao longo dos dois últimos anos, sintetizados no VI. Congresso do MST.


“No início da sua história, o MST lutava apenas por terra, enfrentando o latifúndio atrasado. Reivindicamos uma Reforma Agrária Clássica, distribuindo a terra para as famílias camponesas e desenvolvendo um mercado interno para a indústria. Hoje, a agricultura brasileira mudou. Estamos enfrentando o capital financeiro que comprou terras, água e usinas no Brasil para se proteger da crise econômica mundial. No estado de São Paulo, três empresas multinacionais compraram 58% da cana-de-açúcar e das usinas”, disse.


Segundo Stédile, os presidentes Lula e Dilma montaram governos de composição de classes, que não tem força para realizar reformas estruturais. Ao mesmo tempo, a burguesia controla o Congresso, através do financiamento das campanhas eleitorais, o poder judiciário e a grande mídia. “Hoje, a rede Globo é o quarto poder no Brasil. Eles falam mal de nós o tempo todo, para que o povo brasileiro olhe as nossas mobilizações com ódio”, afirmou.


Este cenário exige, por parte dos movimentos sociais do campo, uma mudança de paradigma. “Não podemos lutar só por terra. Lutamos para produzir alimentos saudáveis, através dos princípios da agroecologia. Lutamos para trazer agroindústrias, emprego e desenvolvimento no campo. E lutamos para educação, porque só o conhecimento liberta realmente o ser humano”, ressaltou Stédile.


De acordo com o dirigente, a força dos Sem Terra não é suficiente para impor este modelo alternativo ao agronegócio. “Precisamos nos aliar com os movimentos sociais do campo e da cidade. Temos que combinar a nossa luta com a luta de massas na cidade. Cada mobilização dos jovens, cada mobilização dos trabalhadores na cidade fortalece a Reforma Agrária. Por isto, a nossa luta é para uma Reforma Agrária Popular.”


Stédile apontou também uma alteração na conjuntura da luta de classe no Brasil: “Existe um clima novo, que indica um processo de retomada do movimento de massas no país.”


A análise foi seguida por um debate, no qual se expressou a variedade das forças políticas e sociais apoiando a luta pela Reforma Agrária em Sergipe. Na saída, os participantes puderam saborear produtos da reforma agrária.


Participaram ao ato militantes do MST, representantes do movimento estudantil, do Levante Popular da Juventude, do movimento Hip-hop, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do movimento quilombola, da Federação dos trabalhadores na agricultura de Sergipe (Fetase), do Movimento dos trabalhadores urbanos (MOTU), do Incra, do MDA, da Assistência técnica e social (ATES), e dos partidos políticos.



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