terça-feira, 27 de novembro de 2012

Agricultores de Estância se beneficiam com orgânicos



Artigo publicado no Correio de Sergipe, 18 de novembro de 2012


Pequenos produtores rurais do município de Estância comemoram os bons resultados alcançados com o plantio de produtos orgânicos. Nos assentamentos Rosa Luxemburgo e Paulo Freire, um grupo de famílias encontrou na atividade uma forma de garantir o próprio sustento e até mesmo obter uma renda extra com a comercialização dos produtos.
Os agricultores recebm apoio do Programa de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (País), uma iniciativa desenvolvida pelo Sebrae, Fundação Banco do Brasil e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social na região. Além de oferecer uma nova alternativa de trabalho e renda para a agricultura familiar, o projeto busca garantir o respeito ao meio ambiente e aos hábitos e costumes da população, sempre utilizando técnicas que já são conhecidas no meio rural.
A ideia é produzir alimentos sem o uso de qualquer tipo de agrotóxicos, aliando a criação de animais à produção vegetal, preservando a qualidade do solo e das fontes de água e incentivando o associativismo. O projeto começou a ser desenvolvido na região em dezembro de 2011 e já beneficia 15 famílias oriundas do Movimento dos Sem Terra (MST).
Entre os beneficiados no Rosa Luxemburgo está o agricultor José Valter de Jesus. Antes de conhecer as técnicas de produção orgânica, ele cultivava mandioca em sua propriedade e não estava satisfeito com os resultados alcançados. “Na maioria das vezes eu só tinha prejuízo com as plantações e não conseguia nem cobrir os gastos. Para conseguir ter uma renda eu precisava trabalhar como diarista em outras hortas na cidade.”
Depois de receber as informações e os equipamentos necessários para o plantio, José Valter se dedicou ao trabalho e hoje comemora os resultados. “Tenho uma produção de hortaliças bem diversificada e que garante a alimentação de toda a família. Ainda consigo vender boa parte da produção nas feiras livres e à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para ser utilizada na merenda escolar. Hoje sou meu próprio patrão”, destaca Valter.
O modelo para o cultivo dos alimentos consiste na presença de um galinheiro central e três círculos de hortas em uma área de cinco mil metros quadrados. No local, também é instalada uma caixa d’água para garantir a irrigação do terreno através da técnica de gotejamento, em que a água é vagarosamente fornecida a uma área específica, próxima às raízes da planta.
A escolha das espécies a serem plantadas leva em conta as condições de produção e comercialização. A presença do galinheiro garante a integração dos animais com o cultivo das hortaliças, facilitando a utilização dos estercos das aves para enriquecer o solo e o uso das sobras dos plantios para alimentar os animais. Todo o processo de montagemm da estrutura é acompanhado por técnicos do projeto e voluntários do MST.
Ao lado da propriedade de José Valter, o agricultor José Ribeiro dos Santos também comemora os bons resultados obtidos com a agricultura orgânica e já traça estratégias para alcançar novos mercados. “Estamos nos organizando para comprar um veículo e vender os produtos em feiras livres de outros municípios. A nossa meta é conseguir comercializar em Salvador”, destaca.
O cultivo de produtos orgânicos o agradou tanto que a horta está sendo expandida para outras áreas da propriedade. “Agora toda a família está empolgada com esse trabalho”, ressalta Ribeiro.
No Assentamento Paulo Freire, seis famílias são beneficiadas com o projeto País. Lá, os produtores se dedicam à produção de hortaliças e frutas com o auxílio dos técnicos. Para auxiliá-los no processo foram promovidas inúmeras capacitações sobre o modelo agroecológico, manejo dos produtos, cuidados com a plantação e associativismo.
“Hoje conseguimos elevar consideravelmente a produtividade e como consequência isso proporcionou um aumento de renda para todas as famílias envolvidas com a proposta. Estamos bastante satisfeitos com os resultados alcançados”, comemora José Agnaldo da Silva, produtor rural e presidente do Grupo de Cooperação Agrícola Paulo Freire II.
De acordo com a analista do Sebrae Sergipe e coordenadora do projeto País, Adriana Cunha Vaz, 300 pequenos agricultores de 17 municípios foram contemplados com a proposta.
“A técnica tem permitido que muitas famílias aumentem sua renda por meio de um modelo autossustentável. Essa é nossa grande conquista.”

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