terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"Este Congresso será um marco na história do nosso movimento"



Entrevista com João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST

13 de fevereiro, Brasília


Qual é sua avaliação deste VI. Congresso do MST?

João Paulo Rodrigues - Este Congresso é um momento muito especial para o nosso movimento, por três grandes motivos: primeiro, é a oportunidade de celebrar os nosso trinta anos. Não é todo dia que um movimento social tem a possibilidade de chegar aos trinta anos, e com o vigor do MST. É muito fácil ver partidos políticos ou entidades sindicais completar décadas e décadas de existência, mas os movimentos sociais tem uma tendência a se fragilizar no decorrer da sua história. Segundo elemento: nesta conjuntura muito difícil que as esquerdas brasileiras estão vivendo, o MST conseguiu, como todas as limitações, a juntar 15.000 companheiros e companheiras, com aliados de vários países, para fazer um encontro de confraternização e celebração dos nossos trinta anos mas, acima de tudo isto, um encontro de debate de ideias com toda a militância, fruto de um processo congressual que durou mais de dois anos. Ao mesmo tempo, trouxemos as mais diferentes opiniões públicas da intelectualidade por nosso encontro: o MST trouxe opiniões de vários intelectuais, trouxe ao longo da semana vários partidos políticos e aliados, sem esquecer de colocar a nossa posição, os nossos projetos, e ouvir as posições críticas da nossa base. Por isto, o nosso encontro está tendo uma riqueza muito grande. Além disto, o Congresso é também a possibilidade de nos fazermos luta. Conseguimos fazer uma linda Marcha, com mais de 15.000 pessoas nas ruas de Brasília, dar o recado contra a embaixada americana, fazer lutas contra o Supremo Tribunal Federal, fazer luta no Palácio do Planalto e, acima de tudo, arrancar uma audiência da presidente Dilma. Há três anos que o nosso movimento estava tentando obter uma audiência da presidente, e não estava conseguindo. Por conseguir atingir estes objetivos, eu acho que este Congresso será um marco na história do nosso movimento.


Quais são os desafios do movimento no próximo período?

As lições que ficam deste Congresso  são várias. Primeiro, é importante que o MST mantenha uma organicidade funcional: manter uma estrutura organizativa dentro dos assentamentos e acampamentos, nas cooperativas, na produção. Segunda lição que vai ficar deste Congresso: a grandiosidade do MST não está nos números, mas na capacidade do MST viver um processo de luta permanente. Mesmo as famílias que já estão assentadas há anos, vem aqui com sua mochila, seu quite militante, vivendo nas condições mais adversas, porque tem claro que estão também num processo de luta. E, por fim, e o mais importante, o Congresso vai deixou clara a possibilidade de construir uma unidade com outros movimentos. Aqui está da militância do PSTU até militantes do PSB. Aqui vai passar governadores, dirigentes sindicais, e uma série de companheiros que vieram de outros países -  a delegação internacional está muito grande. O MST chegou aqui como fruto desta solidariedade, à nível internacional, que nos deu esta possibilidade de construir uma organização do tamanho da nossa, que tem um comando político descentralizado, onde os estados tem autonomia para construir, e onde os assentamentos e acampamentos tem unidade na construção da linha política. 
 
Agora, para frente, o desafio é: lutar, e a grande tarefa: Construir a Reforma Agrária Popular!



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